quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Feitio ou defeito

Ricardo da Cruz Filipe A Onda 1983 CAM


(Importante saber distinguir) “…estado – sentimentos transitórios, pensamentos e ações, de traços – características douradoras da personalidade.”
Helena Marujo Educar para o otimismo

Poderá parecer ser um assunto muito técnico, só para especialistas, árido, mas encerra um conteúdo interessante.
Para se tornar mais manejável, comecemos por considerar que as pessoas psicologicamente saudáveis, podem manifestar uma vez por outra, em determinadas situações, atitudes que não lhes são habituais. Esses momentos, são estados que envolvem sentimentos transitórios, pensamentos e ações, e que podem até contribuir para que se apresentem aos olhos dos outros, surpreendentemente interessantes, despertar uma paixão, como se dessem corpo a desejos de viver que parecem acertados e de possibilidades ilimitadas.
Com o conhecimento do outro, poderá acontecer que vamo-nos apercebendo que estes estados não são um detalhe, vêm com um “pacote” - constituem padrões característicos de percepcionar o mundo, de estabelecer relações com as pessoas e situações. São traços de personalidade. 
Acabamos compreendendo também, que se ligam a outros traços (ex: a pessoa não é só vaidosa, é também autocentrada…),e que todos eles a definem. Constituem a sua personalidade que contribui para se tornar uma pessoa apetecível, ou não. 
Podemos também descobrir, que não se trata só de uma pessoa difícil, mas que possui um distúrbio de personalidade (“Os traços de personalidade existem num contínuo” John Oldham, sendo o distúrbio o ponto extremo do contínuo).
Este exercício é essencial - o conseguir identificar no outro, se a sua atitude é passageira (estado), ou uma característica douradora da sua personalidade (traço), e até que ponto afeta positivamente ou negativamente a vida e a relação com as outras pessoas. Como exemplo, nos casos de violência doméstica, poderá ajudar a clarificar a verdade da mensagem: “O agressor dá a entender que ter sido violento, não é problema dele (não é traço de personalidade), é porque bebe (estado transitório, fruto do momento, da situação ou...provocado pelo outro).”  
Citando, ainda John Oldham , a depressão (estado que acontece em um momento difícil da vida) pode não nos definir, mas a personalidade, define-nos. Ou seja, o estado depressivo, apesar de poder se arrastar por muito tempo, pode ser passageiro, mas traços de personalidade que tiram prazer com o sofrimento, ou que de certa forma,  alimentam a depressão,  ajudam a que esta se instale.

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