segunda-feira, 16 de março de 2020

A maioria de nós está submersa


 “A maioria de nós está submersa em um transe hipnótico que remonta aos primeiros anos. Permanecemos nesse estado até que de repente despertamos, e descobrimos que nunca vivemos ou que vivemos induzidos por outros que, por sua vez, foram induzidos por outros. A ideologia é subterrânea. Tudo é como um profundo mal-entendido. Se despertamos de repente, ficamos loucos. Se despertamos pouco a pouco, nos tornamos inevitavelmente revolucionários em algumas de suas múltiplas formas, e então tentamos modificar destinos. Se não despertamos nunca, somos gente normal e não prejudicamos ninguém”.*
Pavlovsky apud Fernàndez

“…Se não despertamos nunca, somos gente normal e não prejudicamos ninguém”. Receio que assim não seja. Talvez não prejudiquem ninguém, mas nós, os que achamos que gente que não desenvolve a consciência de si no mundo, que não se tornou o que é, também não tem a capacidade de perceber o outro e de sentir o que está a sentir.
Não são seres misteriosos, são personagens opacas. Nem entram pela loucura. São entidades gelatinosas onde parece não habitar o amor, nem o ódio.

* in Ana Paula Decnop de Almeida Quando o vínculo é doença: a influência da dinâmica familiar na modalidade de aprendizagem do sujeito  Rev. Psicopedagogia 2011; 28(86): 194-200


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