quinta-feira, 12 de março de 2015

Pode ter pena de si e isso não é mau


Eye Candy: Constance Marie Charpentier’s Melancholy (detalhe)

“Descobre que pode ter pena de si e que isso não é mau.”
Carl Rogers Tornar-se pessoa

O resultado de uma psicoterapia bem-sucedida, a redescoberta que as dificuldades pessoais podem ser aceites, compreendidas e respeitadas, sem que se crie uma situação insustentável.
Mas tal como nas psicoterapias, também na vida real pode-se viver a angústia de ter pena de si próprio e puder suportá-la. E seguir renovado.
Não se trata de fazer o elogio do sofrimento, mas este é uma experiência básica que todos nós sentimos em algum momento da nossa vida. 
O sofrimento parece-nos inevitável, mas pena de nós próprios, não, isso não. Tocar neste desamparo seria acordar dentro de nós emoções que evidenciem ansiedade, desfilhem fraquezas pessoais e que advenha daí uma dor que nos roube o futuro. Eis que nos perdemos. Seria assustador se não pudéssemos fazer nada. 
É preciso acreditarmos que não nos vamos demorar neste silêncio profundo, mas sem urgência em encontrarmos uma solução, sem fazermos asneiras a seguir, como reprimir a dor, dissipa-se a necessidade de nos debatermos. A água desce. Regressamos ao nosso eu. O espirito fica atento a si próprio. O que era sinuoso passa a reto. A acomodação à nova realidade e a novos significados, irá consolar-nos.

António Damásio em ‘O erro de descartes', fala-nos do mesmo:
 “O sofrimento proporciona-nos a melhor protecção para a sobrevivência, uma vez que aumenta a probabilidade de darmos atenção aos sinais de dor e agirmos no sentido de evitar a sua origem ou corrigir as suas consequências.'



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