sábado, 6 de abril de 2019

Paradoxo “Estar em baixo para chegar mais alto”


Ball of Light, Denis Smith


Não é fácil digerir o impacto que pode ter em nós em termos de emoções negativas, constatarmos que em certas circunstâncias, determinadas pessoas com algum poder político, social…ou com pretensões a tal, fingem não nos reconhecer ou dar pela nossa humilde presença.
Por muita teoria sociológica a que possamos recorrer para explicar estes fenómenos, é possível simplificar: todas estas pessoas têm em comum, a preocupação pela sua imagem e a dependência da opinião dos outros. Também têm em comum, a necessidade de manter essa imagem positiva com base nos resultados (muitas vezes fantasiados) das suas atividades ou em aptidões. É também uma forma de se libertarem do medo do ridículo que as atormenta. 
No seu livro “A arte de não amargurar a vida – Pensar Bem para Viver Melhor” (um bom livro de auto-ajuda) o psicólogo Rafael Santandreu apresenta um paradoxo que seria a solução para estes comportamentos: “para chegar mais alto é preciso saber estar em baixo e sentir-se bem”. 
O caminho é ser capaz de imaginar que é possível ser-se “menos” (como não ser em algumas situações?), ter valor e sentir-se confortável com isso. 
Para esta filosofia libertadora, também ajuda concentrar-se no que é realmente importante: a capacidade de amar e fazer coisas úteis e positivas para si e para os outros (estar em "alto"), mesmo sendo pobre, feio, ou desajustado ou.....(estar em "baixo").
Quando nos cruzarmos com pessoas que só nos conhecem quando lhes convém, talvez seja melhor pensarmos que elas não sabem o segredo: que é possível não se precisar de ser “alto”, para se sentir poderoso, e ser essencial na vida de alguém, até num encontro breve com um desconhecido.