sexta-feira, 21 de julho de 2017

O mestre - escola

Todos nós conhecemos pessoas assim – pessoas que nos atacam com a sua superioridade, as suas proibições ou os seus decretos de mestre – escola. Arranjam maneira de nos fazer sentir pequenos, ou insignificantes ou estúpidos. Quando tropeçamos com um indivíduo assim, pode ser útil termos presente que o mais provável é que ele esteja afinal a tentar desembaraçar-se dos sentimentos que alimenta em relação a si próprio, transferindo-as sobre a nossa pessoa.”
Priscilla Roth Supereu Almedina

Poderá ser útil integrar esta perspectiva sobre os que não se aceitando como são, nem com o modo como lidaram com a vida, podem fazer qualquer coisa que alivie esse sentimento doloroso.
Neste exemplo, o mestre – escola ou aquele que se apresenta “mais papista que o papa” e sabe sempre o que o outro deveria fazer ou como deveria gerir a sua vida, desfazem-se da voz interior que os acusa de não corresponderem ao ideal que gostariam de ter alcançado (um severo sentimento de culpa), e ao fazerem o outro sentir-se pequeno, estúpido ou inferior, põem-se a salvo de críticas.
A vítima, se não estiver desperta para a estratégia, tende a evidenciar o sofrimento que o mestre – escola evita sentir.
É um sofrimento que deveria ser entendido como desnecessário.


quinta-feira, 20 de julho de 2017

Paradoxo da mudança

Wim Wenders, As Asas do desejo, 1987

“O paradoxo curioso é que quando eu me aceito como sou, então eu posso mudar.”
 Carl Rogers

Recomenda-se vivamente que se reconheça esta verdade profunda. Devemos dizê-la repetidamente para desembaraçarmo-nos de crenças  antigas. Desconfiamos que assim seja, queremos mudar, mas não queremos passar pelo desconforto da mudança. 
Gostamos de pensar que talvez possamos suspender quem realmente somos, por nos acharmos perdidos, de difícil entendimento ou por autoaversão, e que poderiam ficar guardadas para nós, ou esquecidas, as imperfeições que nos parecem inúteis e censuráveis. 
Supomos que o ponto de chegada seja tal como foi imaginado, ficarmos instruídos e educados, e chegados ao mundo dos homens, podermos então, abordar as coisas e as pessoas, e sermos aceites. Minha estratégia é em vão. 
Só mudamos quando nos predispomos a ser nós mesmos, sem máscaras, quando aceitamos a nossa realidade presente e passada, que não fomos suficientemente amados, apreciados ou compreendidos, quando aceitamos as nossas fraquezas e erros. A partir daqui, inicia-se o processo sobre o que fazer com essa realidade, e consequente, a procura da "boa forma para o nosso desejo de vida e de prazer" (R. Mendes Leal), que irá irradiar tudo.