quarta-feira, 31 de março de 2010

Portas e pavimentos


A vinculação do homem às coisas que cria ou de que se serve tornou-se precária, e o seu mundo deixou de ser doméstico num grau terrível pois a domesticidade é a marca original da domus e de tudo quanto lhe pertence.”
Eduardo Lourenço, Heterodoxia II, Edições Gradiva






Para que permaneçam - duas imagens da arquitectura madeirense.



Fotos: cristina simões

terça-feira, 30 de março de 2010

Experiência óptima



Lembra-se daqueles momentos na vida, em que o tempo pára?
Estava tão absorvido no que estava a fazer, que não deu pelo esforço, e nem consegue explicar como foi capaz de atingir o resultado.
É como passar a uma realidade alternativa – o corpo desaparece, a identidade desaparece e a existência fica temporariamente suspensa.
Descreve assim, estas experiências de Flow, que podemos traduzir por fluxo ou fluir, o seu investigador, o psicólogo húngaro-americano Mihaly Csikszentmihalyi, um dos fundadores da Psicologia Positiva.
Há pessoas que atingem estes estados de harmonia, no trabalho, ou quando investem em actividades culturais, desportivas, sociais, culinárias, jardinagem, ou em outras áreas.
Costumamos associar a experiências deste tipo, aos estados de relaxamento e de êxtase, ou até ao estado amoroso. Mas, embora tenha muito em comum com a intimidade espiritual dos apaixonados, as investigações têm-se centrado nas actividades do nosso dia -a -dia.
Estas experiências de Flow, não são banais, iguais às da nossa rotina diária. Têm características próprias. Dão-lhe uma sensação de competência, de ter sido capaz. Mas também desafiam-no a ir mais longe. Costuma ficar absolutamente concentrado no que está a fazer. Não suporta ser interrompido, e o resultado é imediato. Agrada-lhe. Sente-se orgulhoso dele.

Por estas razões, são muito apelativas para os jovens. Pelo que, estes devem ser estimulados a descobrir actividades que lhes facultem esta gratificação, que é capital psicológico, de qualidade superior ao simples prazer. São assim, a chave para a felicidade autêntica e duradoura, porque dá à pessoa que as vive, um sentimento de utilidade e sentido de vida.
Outro autor da Psicologia Positiva, David Myers, também considera que, para a felicidade contribuem as experiências de Flow, assim como as relações afectivas satisfatórias, traços de carácter (optimismo, coragem, humor…), e sentido de pertença à comunidade.
As características de uma experiência Flow, são:
- Focalização da atenção em um nº restrito de estímulos;
- Sensação de controlo e competência;
- Desafio (que controla);
- Existência de objectivos claros;
- Resultado imediato.

Exercício de Flow:
Tente ocupar as suas férias da Páscoa com actividades desta natureza, e repita a experiência, se possível, sempre que possa. Perante a actividade que escolheu, avalie se:
- Sentirá prazer em realizá-la?
- Contribui para o seu crescimento como pessoa?
- Aproxima-se dos seus objectivos?
- Combina com os seus talentos?
- Permite-lhe esquecer as preocupações do dia-a-dia?
Se tem paixão pela actividade que escolheu, quanto mais a realiza, melhor será o seu desempenho e mais facilmente irá ampliar a sua intuição e espiritualidade.
Assista à conferência (com tradução para português) de Mihaly Csikszentmihalyi sobre este tipo de experiências, em:

Foto: cristina simões












segunda-feira, 29 de março de 2010

Projectar no filho


Quero falar-te de um assunto, para te ajudar a compreender o teu pai.

Mostro-te uma cena do filme “A Leste do Paraíso”, que ilustra o assunto que pretendo abordar. Sei que nunca o viste, e que, possivelmente não faz o teu género. No filme, o autor James Dean, na personagem de Cal, diz por fim ao pai, que só agora compreende porque este não o amou - porque ele (Cal) era parecido com a mãe. E, o pai tinha amado esta mulher, com um amor que ele renegava, pelo facto de ela ser uma senhora pouco respeitável. O pai de Cal considerava-se um homem decente.
O que o pai  fez, foi rejeitar o seu sentimento – o amor pela mãe de Cal – sem ter consciência disso. Mas fez mais, projectou no filho, isto é, colocou no filho esse sentimento penoso, através da rejeição, ou desamor pelo próprio filho. Acredito, que te parece uma ideia confusa. E, nem te disse, que se trata da identificação projectiva descrita por M. Klein (psicanalista).
Mas o que te quero dizer, é que, quando o teu pai não aceita as tuas dúvidas, ou inseguranças, e tu pensas que ele não gosta de ti e não te compreende, o que ele não aceita são as dúvidas e inseguranças dele próprio, ou as lembranças de ter sido desvalorizado, ridicularizado ou mesmo batido pelo teu avô, nos momentos em que estava, como tu, mais vulnerável e a necessitar de apoio. É como se tivesse jurado a si próprio, que nunca mais haveria de ser fraco, ou colocar-se à mercê do outro. Possivelmente por isto, não suporta as tuas fragilidades e não reconhece o teu valor. Compreendes?

domingo, 28 de março de 2010

josé Gil

"Há uma inteligência que só a arte nos dá e que é fundamental"
Entrevista de Vanessa Rato ao filósofo José Gil publicada pelo Jornal Publico 25 de Março de 2010.
Na introdução a esta entrevista, pode-se ler: “Aos 71 anos, o filósofo e ensaísta José Gil aposenta-se como professor da Universidade Nova de Lisboa. Dá a sua última aula hoje, às 16h, aberta a todos. O tema: "Coisas que interessam ou deveriam interessar a comunidade artística e os que se interessam por arte”.
Em 2005 José Gil foi considerado pela revista francesa Nouvel Observateur como um dos 25 maiores pensadores do mundo.

José Gil.
”…É uma coisa confrangedora como é que em Portugal as pessoas pensam sempre sozinhas. Eu próprio, todos nós a fazer as nossas vidas, as nossas "carreiras". É terrível isso.”

“ Temos muito bons artistas, mas o nosso espaço público não lhes dá suficiente importância. Banalidades: [dizemos que] é preciso um artista ser reconhecido lá fora para o ser cá dentro... Não é bem isso, não é só o reconhecimento: é ter sentido do alcance ou não alcance do que se está a fazer. Existe em certas comunidades; aqui não. Não há alcance precisamente porque não há espaço público. Estou em minha casinha, a fazer as minhas coisinhas, depois telefono a uns amigos... É terrível.”

“Na formação da inteligência, múltipla nas suas expressões, há uma inteligência que só a arte nos dá e que é fundamental. Não é por acaso que tantos filósofos aproximam a ontologia, aquilo que é o nosso ser, da produção estética. Não é por acaso. É que isto é fundamental. Ora, numa cidade inteligente, a arte existe e o discurso artístico, a problemática artística atravessa esse espaço independentemente dos interlocutores, ganha autonomia, atinge as pessoas, incluindo os que não pensam nisso. Eu, que não sou artista, tenho uma cultura artística que vem daí. E isso é um espaço público. Um espaço que vibra, que é autónomo, em que não sou eu que falo, ele fala por si e atravessa o espaço real, as conversas habituais. Nós não temos isso.”

"É interrompida, a cada instante. Saímos de um concerto, gostámos, não gostámos, e acabou ali, vamos para casa."

Há uma diatribe do [filósofo alemão Friedrich] Nietzsche de que gosto muito, contra aquilo a que ele chama os pequenos gozadores. Os pequenos gozadores afundam-se neles próprios: é o prazer imediato. Relativamente a esse outro prazer [ligado à arte], é preciso um certo ascetismo, um ascetismo que não é praticado individualmente mas que está no espaço público, que acompanha um prazer superior. Uma das coisas que impedem isso é que nós preferimos o prazer de um bom jantar, cheio de belas coisas... Bom, se são muito belas coisas passa a ser uma obra de arte... Digamos, um jantar normal...”.

“Um bitoque [risos]. Preferimos o bitoque à ideia de podermos fabricar e fruir, à ideia de agir, de ser activos [intelectualmente], que dá um prazer enorme.” Perguntou-me porque não acontece. Eu dizia-lhe: saímos de um concerto e há um buraco negro; vamos para o outro prazer, o do bitoque, do bombom. É uma constante do nosso comportamento, da nossa existência.”

E por ultimo
Vanessa Rato. “Com essa imagem o processo de crescimento na nossa sociedade fica com contornos perversos, de castração...”
José GilMas é! É-o como todo o processo de aculturação. Nós não olhamos bem para os miúdos...”

quarta-feira, 24 de março de 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

A busca de sentido


“…já que não podemos viver sem atribuir sentido, sem perceber o sentido das coisas que vivemos…(precisamos de sentido como de uma respiração).”
Dor sem nome, Pensar o sofrimento de Manuela Fleming,
Edições Afrontamento

A busca de sentido é inimiga do turbilhão de emoções de raiva, de ódio ou de desorientação.
Nestes momentos, costumamos oscilar entre o “não percebo” a pensamentos que encerram absolutas certezas e que são acentuadamente ilógicos.
É o recurso a uma visão subtil, perspicaz, e à procura da compreensão sobre nós próprios e habitualmente sobre o comportamento do outro, que permite o acesso ao sentido das coisas que vivemos. É tentar ver para além da superfície e de nós mesmos, dos nossos interesses e necessidades. Por isso, é tão importante que, quem nos causou dano tenha a coragem de se explicar e nós a coragem de ouvir – a verdade cura.
Apesar da complexidade do outro, devemos estar conscientes de dados "simples": o que o move; para que (e não porque) teve tal atitude; que técnicas de sobrevivência usa (controlo, manipulação, sedução...).
Começamos então, a ver padrões de comportamento, nos outros.
Até aquele momento, inesperado, em que se percebe o sentido de uma interrupção no curso da vida - "Uma pessoa, para tornar-se interessante, deveria ter sempre algo de improvável." Oscar Wilde

Foto: cristina simões

sexta-feira, 19 de março de 2010

Dia do Pai

A todos os pais, que deixam nos filhos a certeza de que são amados sem terem feito nada por isso.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Relações saudáveis/patológicas

Ao ler um artigo sobre o facto de o DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) estar a ser revisto, surgiu-me a necessidade de compreender o que se entende por saúde mental, mais propriamente, o que se entende por relações saudáveis e relações patológicas.
As minhas dúvidas eram:
Como podemos distinguir o que é normal do que é patológico, numa relação?
Isto é, como podemos distinguir as relações amorosas saudáveis das perturbadas (violentas, abusivas…)?  
Pensamos na personalidade, na comunicação…mas, vários autores têm respondido a estas questões, identificando dimensões mais gerais. Sandra L. Brown, M.A., psicoterapeuta no The Institute for Relational Harm Reduction & Public Psychopathy Education, é um desses autores.
Sandra L. Brown refere que a patologia, em termos de saúde mental é:

- A incapacidade de crescer a qualquer verdadeira profundidade emocional ou espiritual.
- A incapacidade de sustentar uma mudança positiva.
- A incapacidade de ter uma visão sobre como o seu comportamento afecta as outras pessoas.

Em textos desta autora, podemos ler que, a união de duas pessoas com estas dificuldades, dá origem a relações de violência, vício e emotividade excessiva. O contrário, seria próprio de um casal com um relacionamento saudável e …feliz.







segunda-feira, 15 de março de 2010

A beleza


“A beleza poderá ser o que não tem a ver com a aparência, mas sim o que numa pessoa vem sinalizar a sua capacidade de se deixar olhar e mergulhar em transparência.”
Eduardo Prado Coelho, ensaísta português (1944-2007).

É imediato pensarmos na beleza interior. Conceito vago.
Detenho-me. É “...a sua capacidade de se deixar olhar…” - não é uma beleza que se revela, que se exibe. É um modo de estar na relação com o outro. Sem medos de se perder. Próprio de quem já confiou e confia, que é possível exprimir-se em segurança, sem ser por isso controlado, manipulado ou explorado pelo outro.
Prado Coelho está com certeza a falar de duas pessoas numa relação. Belas e profundamente humanas.

Foto: cristina simões



quarta-feira, 10 de março de 2010

"O Estrangeiro" de Albert Camus (1)

Faltam as palavras na secura dos dias. Na aspereza do sopro. Dos caminhos fazemos ermos e abismos. Habitamos o vazio, por onde pernoitamos ao sol.

É deste sentir que trata o livro – do sentimento de solidão e vazio, mas que a filosofia definiu como o triunfo do absurdo.

Conservo este livro desde os anos 70.

Contém um prefácio de Jean – Paul Sartre.  

Jean – Paul Sartre no prefácio do livro “O Estrangeiro” de Albert Camus, questiona-se “como se deveria interpretar aquela personagem que, um dia depois da morte de sua mãe, tomava banhos, iniciava uma ligação irregular e ia rir-se diante de um filme cómico”, e matava um árabe “por causa do sol”. A resposta para Jean – Paul Sartre, está no absurdo que revela a relação do homem com o mundo. Prossegue: ” O absurdo fundamental manifesta antes de tudo um divórcio: o divórcio entre …a preocupação que é a sua própria essência e a inutilidade dos seus esforços.”

Por não conceber que uma obra filosófica não possa ser analisada numa dimensão psicológica, sobretudo porque retrata a vivência interior da personagem - Mersault - deixo-vos a minha interpretação, desta obra, com base em alguns investigadores ligados à saúde mental.

León Grinberg em Culpa e Depressão, escreve:
“Em O estrangeiro” de Camus, há evidentemente um total recalcamento do luto por parte da personagem central, cuja mãe morreu internada num asilo de idosos. A sua defesa principal é precisamente a despersonalização, que é a que dá origem ao título do romance. Tudo lhe é indiferente, até a morte da mãe. Mas na verdade existe um deslocamento do luto através do juízo do qual se vê submetido por ter morto um árabe. A sua culpa persecutória foi o que o levou a cometer esta morte como procura de castigo por outra morte, a da sua mãe. Também de forma substituta, o luto surge de forma manifesta noutra personagem que perdeu o seu cão.”

Freud indica duas vias possíveis para o aparelho mental lidar com a frustração: a fuga ou o pensamento. Nas palavras de Manuela Fleming (psicanalista) o pensamento – o pensar sobre as emoções e o acontecimento que as provocou - “permite ao aparelho mental suportar a frustração” e neutralizar a sua capacidade destruidora (ansiedade, depressão, culpa…).Quando isto não se faz, o individuo separa-se dos seus sentimentos e habitualmente sente vazio como se estivesse despojado dos mesmos. Pode vivênciar também, sensações de estranheza ou indiferença, em relação à realidade envolvente.
A via utilizada pela personagem de Mersault em “ O Estrangeiro” para lidar com as insatisfações da vida, foi a fuga, a mesma que utilizou para lidar com o luto. O luto pela morte da mãe. O luto pela morte de sonhos, ambições, partes do eu.
O luto em linguagem simples, está mal resolvido porque o luto é um processo com fases (4 fases para Worden) e não um estado. As tarefas que lhe estão inerentes, requerem esforço e tal como uma doença, pode não ficar totalmente curada, também o luto pode ficar incompleto em algumas pessoas. Ficou em Mersault.
Um exemplo do luto mal resolvido de Mersault: ”…compreendi que estava a chorar (o vizinho pelo desaparecimento do cão). Não sei porquê, pensei na minha mãe.” O luto é deslocado para o vizinho que perdeu o cão.
Para além do luto não resolvido, há utilizando a expressão de Coimbra de Matos (psicanalista), o isolamento, congelamento ou bloqueio do afecto positivo, que Jean – Paul Sartre traduz por indiferença. Como exemplo ilustrativo, a seguinte passagem.”Quando se riu voltei a sentir desejo por ela. Instantes depois, perguntou-me se eu a amava. Respondi-lhe que não queria dizer nada, mas que me parecia que não. ” Ou em: ”…compreendi que estava a chorar (o vizinho pelo desaparecimento do cão). Não sei porquê, pensei na minha mãe (morta).
O bloqueio do afecto também é expresso na seguinte passagem: ”Mostrou um ar descontente, disse que eu respondia sempre à margem das questões…”, isto é, não se comprometia com o outro, na relação. Outra técnica, usada aqui, é o  o recurso a abstracções, que é uma forma de filtrar os sentimentos (Arno Gruen – psicanalista).
Como mecanismo de defesa registo, entre outros, a arrogância e o desprezo. Por exemplo, na seguinte passagem ”Quando eu era estudante, alimentava muitas ambições desse género. Mas quando abandonei os estudos, compreendi muito depressa que essas coisas não tinham verdadeira importância”. E, novamente, aqui está presente o luto de partes da personagem, ambições, sonhos que não concretizou. Não se detecta amargura por isso, porque o personagem não permitiu o acesso ao seu sentimento.
A respeito do episódio referido por Jean – Paul Sartrematava um árabe por causa do Sol”, o próprio personagem reconhece: “Era o mesmo sol do dia em que a minha mãe fora a enterrar” na praia “onde havia sido feliz”. É uma manifestação da culpa persecutória.

A culpa persecutória é o sentimento de um dano ocorrido na realidade ou também pode ter sido criado pela fantasia. M. Klein (psicanalista) considerava que a essência da culpa “reside na sensação de que a destruição causada ao objecto amado (mãe) tem como causa os impulsos agressivos do sujeito” (a personagem tinha colocado a mãe num asilo) - citação de León Grinberg. Ainda de acordo com este autor, as principais emoções que intervêm na culpa persecutória são: ressentimento, dor, desespero, o medo e a autocensura. Aparentemente, não parecem evidentes na personagem da obra, porque esta recorre a defesas para enfrentar a dor psíquica: a omnipotência (expressa por exemplo, pela arrogância e indiferença a tudo), a idealização e a negação expressa no desejo de muito publico no dia da sua execução, o que evidencia o sentimento de desesperança.









segunda-feira, 8 de março de 2010

Capela


O tempo fica suspenso.
Como se deslizássemos para outra dimensão.
Pura. Sublime.







Uma capela no Funchal
Foto: cristina simões

sábado, 6 de março de 2010

quinta-feira, 4 de março de 2010

A escolha amorosa

Cupido e Psyche, Antonio Canova

“Acima de tudo escolhemos aquilo que nos é familiar. Escolhemos alguém que personifica as melhores e as piores qualidades dos nossos amores originais. As pessoas costumam descrever a sua atracção inicial pelos amados como uma sensação de estranha familiaridade que não conseguem situar.”
O lado escuro do amor, Jane Goldberg, Pergaminho

Porque teremos sido suficientemente amados e estimados, amar-nos-emos suficientemente a nós próprios e, nessa medida, seremos capazes de amar e estimar as pessoas à sua volta”
O ódio necessário, Nicole Jeammet, Editorial Estampa

“Amar-nos-emos e estimar-nos-emos tal como fomos amados e estimados pelas pessoas privilegiadas da nossa infância”
O ódio necessário, Nicole Jeammet, Editorial Estampa


O amor pode ser complicado se:
“Quanto piores tenham sido as experiências precoces, mais facilmente se escolherá um parceiro que venha a ser cúmplice de uma repetição do traumatismo da insatisfação.”
O ódio necessário, Nicole Jeammet, Editorial Estampa

Explicação para a escolha de um parceiro cúmplice:
"Freud achou que a força do nosso vínculo com o passado e a nossa necessidade de o recriar no presente costuma ser mais forte do que a necessidade de criar um amor gratificante e, portanto, apontou a compulsão à repetição como estando para “além do princípio do prazer."
O lado escuro do amor, Jane Goldberg , Pergaminho



Escolher um parceiro que se torna cúmplice -  costuma ser parecido/a  com os nossos pais - por não termos sido suficientemente amados por eles, poderá ser, também, o modo que escolhemos para consertar a vivência de orfandade, sentida. Como se disséssemos a nós próprios “desta vez, vou merecer ser amado”.