domingo, 31 de março de 2013



O jornalista e escritor uruguaio, Eduardo Galeano – “Es tiempo de viver sin miedo”

segunda-feira, 25 de março de 2013

Para os intimidados e belos



O poeta Shane Koyczan, em " Até hoje" ...para os intimidados e belos.
Conferência em 11 línguas
Retirado de  ted.com

domingo, 24 de março de 2013

As emoções secundárias

Graça Morais

“ A emoção é primária ou protopática – apenas a tonalidade hedónica orienta a conduta, no sentido da ação ou da desistência. Faltam as emoções secundárias - diacríticas e discriminadas, aquelas de que é feito o laço socio afetivo, aquelas que alimentam o pensamento e aquelas que imprimem um sentido teleológico à existência.
O que falhou? - Uma relação de vinculação em que, sendo alguém para um outro alguém, o fizesse alguém de significativo e de significante.”
António Coimbra de Matos O desespero Climepsi

É sobre a patologia borderline.
Identificamos habitualmente a falha da empatia e da responsabilidade por si e pelo outro, mas tudo gira à volta da falta das emoções secundárias (que refletem a reação emocional a sentimentos específicos), que são aprendidas através das experiências e que não se formaram adequadamente.  A  sua inexistência ou a sua presença em meros lampejos, e o consequente empobrecimento do desenvolvimento afetivo e espiritual, a pouca profundidade emocional (emoções rasas), é o traço comum a toda a psicopatia, onde se inscreve a perturbação borderline de personalidade.  
É outra gramática, outra lógica com um código pessoal de interpretação, e a consciência desta outra linguagem, poderá ajudar a compreender e a suster o sofrimento dos que lhe são próximos. 

quinta-feira, 21 de março de 2013

A individualização




 

“ Um dos problemas é que muito poucos desenvolvem uma vida pessoal distinta. Tudo em nós parece em segunda mão, até as emoções. Em muitos casos, temos de nos valer de informação em segunda mão para funcionarmos. Aceito a palavra de um médico, dum cientista, dum agricultor, na base da confiança. Não gosto de o fazer. Tenho que o fazer, porque eles detêm conhecimentos da vida em que sou ignorante. Sou capaz de conviver com a informação em segunda mão sobre o estado dos meus rins, os efeitos do colesterol e a criação de galinhas. Mas quando toca a questões de significado, propósito e morte, a informação em segunda mão não me serve. Não consigo sobreviver com uma fé em segunda mão num Deus em segunda mão. Tem que haver uma palavra pessoal, uma confrontação única, para poder sentir-me vivo.”

Alan Jones* Journey Into Christ
*teólogo


imagem de nathanspotts.com

quarta-feira, 20 de março de 2013




Oscar Sánchez – Sobre o otimismo
Para lembrar o Dia Internacional da Felicidade
Outro video sobre a Felicidade no Trabalho, com Santiago Vazquez, sociólogo e economista, aqui

Os Rankins (para quem aprecia números), da Felicidade:
http://hdr.undp.org/en/statistics/
http://www.oecdbetterlifeindex.org/

quinta-feira, 14 de março de 2013

Paradoxo da intolerância

J.W. Watherhouse Study for the head of narcissus

“Mas o sujeito narcisista não só não tolera as diferenças já existentes mas necessita também criá-las.”
Hugo Bleichmar Depressão Artes Médicas

Um rosário de insatisfações com a vida, carregando males e carregando no outro que não sabe ser.
A tática é que ele mude. É normal esperar, desejar. Isso não constitui em si um problema. Se ele não mudar, e continuarmos a insistir, como sempre fazemos, e a esperar, já temos um problema, que é só nosso. 
O sujeito narcísico não termina confuso. Continua encarcerado no paradoxo, não só não tolera as diferenças como cria novas. Dobra-se a separação.
Porque no fundo, no fundo, a verdade que quer ocultar, é de que não está mais insatisfeito com o outro do que  está consigo mesmo. Quem sabe se através do domínio que exerce sobre ele, se alivia dessa deceção.

domingo, 10 de março de 2013

A última manifestação


E a atualidade política. 
No programa "Gente que Conta" da TSF/DN, deste domingo, O filósofo José Gil prevê uma mudança profunda da mentalidade dos portugueses.
Continuar a ouvir, aqui:

sexta-feira, 8 de março de 2013

Pensar

Martin Stavars Portrait of a tree

“Para pensarmos, precisamos de isolar, separar, fazer a triagem das nossas experiencias. Precisamos de privilegiar certas facetas, obrigando-nos forçosamente a negligenciar outras.
E no entanto, esse movimento de isolamento, que é um tempo indispensável para a coerência de todo o pensamento, poderá ser uma armadilha tanto mais perigosa quanto mais favorável a lucidez e facultar um seguro conforto intelectual. Famílias de pensamento nascem assim em torno de campos particulares de compreensão, que poderão erigir-se em gueto na medida em que o consenso intelectual no interior dessas famílias vem reforçar então um sentimento de evidência”.
Nicole Jeammet O Ódio Necessário Editorial Estampa
A intenção de abordar este texto não se faria sentir se não estivesse a ler um autor que me vai obrigar a repensar em alguns temas deste blogue. É como diz Gregory Bateson em Metadiálogos: “…para ter pensamentos novos ou para dizer coisas novas, temos de separar todas as ideias já prontas e misturar os pedaços outra vez”.
Seria uma armadilha se permanecesse no conforto das ideias antigas ou se o esforço não permitisse alcançar um conhecimento mais amplo e profundo.
Não é só a nova leitura que me impulsiona a realizar este exercício. São também os modos como as pessoas, incluindo eu própria, analisam as suas experiências de vida e as resistências que colocam em deter-se, de maneira a encontrar o significado que tem para si, tal e tal situação. Requer vontade e humildade em se aceitar.
Mas o coração teme e não nos queremos relembrar. Julgamos que nos retira de um qualquer êxtase, ou porque perdemos o sentido da nossa existência.
Somos também impacientes. Indisciplinados. Mas precisamos para nos clarificarmos, de um tempo para parar e ligar os pensamentos acerca das nossas vivências, às emoções que lhes estão associadas. E de um tempo para viver e se emocionar. E se deixar levar.

quinta-feira, 7 de março de 2013



Cena do Filme Formiga Z/ANTZ

"Eu sinto-me fisicamente um inadequado....Eu nunca foi capaz de levantar  mais do que 10 vezes o meu próprio peso...", diz a Formiga Z
Conclui o psicoterapeuta: "Excelente! Conseguiu expressar suas emoções".
É um momento de humor.

sábado, 2 de março de 2013

O círculo vicioso da inveja

Carpeaux Ugolino e o seu filho

“ Essa necessidade de assegurar-se contra prejuízo ou perigo internos e externos induz certas pessoas a acumular e armazenar todas as coisas boas de que conseguem lançar mão, e isso bem pode conduzir novamente à inveja num círculo vicioso de desejo, frustração e ódio – a menos que possa elevar-se em espiral pela introdução de mais amor. Pois logo que a necessidade de muito se torna forte, é evidente que começaram a introduzir-se as comparações. ....…não pode haver  duvida  de que uma  acentuação do desejo de tomar para si, como defesa  contra a desintegração interna, constitui importante fator  onde se quer que se faça notar a voracidade. Em qualquer caso, é evidente a conexão de voracidade e cobiça com segurança.”
Volto ao tema da inveja. É uma mais tentativa para desvendar as razões que a sustentam.
As suas manifestações enclausuradas pela repetição em desvalorizar, desdenhar ou insultar (no caso da inveja maligna), parecem ao invejado, inconcebíveis e nocivas, pelo que o mais sensato será levar a vida para a frente e nem se preocupar mais com a situação.
Esta libertação da influência do invejoso, será melhor sucedida se identificarmos a fonte que alimenta a vontade voraz de tomar para si um bem - posses materiais, dons físicos ou mentais.
Para a pessoa que inveja, no fundo do seu ser, está a sensação que a posse representa a prova “… de que nós mesmos somos bons e cheios de bondade, e como tal, em troca, merecedores de amor, de respeito e de honra. Servem assim de testemunho e garantia contra o receio que experimentamos do vazio que existe em nós, ou dos impulsos perversos que nos fazem sentir maus e cheios de maldade para com nós mesmos e para com os outros. “
A apropriação salvaguarda assim, o invejoso, da sensação interna de desintegração e do receio da retaliação que as outras pessoas poderão cometer contra ele.
Esta devoção inesgotável à cobiça, é uma forma de ganhar segurança.  
* as citações são de: Melanie Klein e Joan Riviere Amor, ódio e reparação Editora Imago