Peter Blake, from Illustrations to Through the Looking-Glass
and to show you I'm not proud, you may shake hands with me 1970
Não precisamos de falsas autoridades, pessoas ou ideologias que possam confirmar o nosso valor e que reduzam a nossa dignidade, sob uma imagem de respeito ou preocupação, mas que escondem a sua negatividade ou o seu ódio. O que não faz de nós poderosos. Faz de nós responsáveis pela nossa própria vida. Só precisamos do amor nas suas variadas formas.
De um autor preferido, para reflectirmos que sentido faz atribuirmos poder a certas pessoas ou entidades:
“Nós que ainda estamos ancorados na compaixão temos de aprender a ser consequentes. Não no sentido de poderosos, mas no sentido de deixarmos de querer seja o que for daqueles que nada têm para dar. É a calamidade interior, a necessidade inadmitida de nos fazermos amar pelo inimigo, que impossibilita lidarmos de forma consequente com o Mal. Quando os adeptos deste reclamam a nossa comiseração, não temos de mostrar-lhes que os amamos. O que está por detrás de tal altitude é o desejo deles nos amarem, e esse torna-se a nossa desgraça por queremos algo deles. É este o ensinamento mais duro, porque sempre estamos dispostos a acreditar que toda a gente é capaz de sentir o amor.
Mas na realidade há gente que está separada de si a tal ponto que o nosso desejo de grandeza se nos torna fatal. Não lhes entregarmos o poder, privamo-los do amor por não o esperarmos deles, é o antídoto com que podemos vencê-los. Quando eles deixarem de poder jogar com as nossas expectativas, terão perdido o seu poder sobre nós e nós podemos dedicar-nos à construção do mundo, em vez de passarmos o tempo a consertar o rasto de destruição que eles vão deixando atrás de si.”
Arno Gruen Falsos Deuses Editora Paz
O psicanalista Arno Gruen nasceu em Berlin em 1923. Faleceu em Outubro de 2015.
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