sábado, 12 de abril de 2014

Paradoxo do interesse

Dali Composição satírica

“É que se torna necessário libertarmo-nos da ideia de que as personalidades narcísicas não se interessam pelos outros; é a inversa que é verdadeira. Para compensarem as deficiências do seu funcionamento, elas têm pelo contrário fome de objeto: este é supletivo a uma lacuna pessoal que não pode ser reconhecido como tal, e que o outro, negado na sua alteridade, é encarregado de cumular.”
 Nicole Jeammet O ódio necessário Editora Estampa
Se esta não fosse uma dos mais importantes ideias sobre as personalidades narcísicas, passaria adiante, saltaria para outro tema, outra vontade em escrever. Mas é a pedra de toque daquelas personalidades: o interesse ávido pela atenção e aprovação da outra pessoa, mais do que ninguém, paradoxalmente sabendo pouco ou mesmo muito pouco, como ir além desse impulso para a unidade, por possuírem essa capacidade de amar travada, centrada em si.
Se é por demais conhecida esta característica, é esse correr atras que pode atingir a obsessão, como uma criança que procura ainda um interlocutor válido, que na relação é interpretado como uma necessidade de união, mas trata-se de fazer do outro uma muleta, pelo domínio, com vista a ser servido - benefício próprio -  e descartado quando não cumpre essa função.



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