segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Paradoxo da educação

Sala de aulas de uma universidade na Idade Média

“O ensino promove, isso sim, a diferença entre as pessoas, pelo que será possível dizer que quanto mais uma pessoa conseguir aprender com os outros mais deles será diferente.”

Miguel Ricou A ética e deontologia no exercício da psicologia Ordem dos Psicólogos




Tenho um absoluto fascínio pelos paradoxos, jogos de palavras e outros truques engenhosos da linguagem que trazem novos sentidos às ideias antigas. Este é exemplo disso - "quanto mais uma pessoa conseguir aprender com os outros mais deles será diferente.” 


Simplificando, diz-se: o ensino (formal e não formal) gera (ou deveria gerar), seres com pensamento próprio, diferenciados.
Mas, o que me parece relevante, é o pedaço de texto ”… quanto mais uma pessoa conseguir aprender com os outros…”, porque se trata de aprender com, sendo esta uma das funções da escolaaprende-se no contexto de uma relação, com o estranho, o que naturalmente envolve vontade, a necessidade em confiar, sentir-se seguro em cometer erros, continuar a ser aceite e incentivado a ir em frente.
À medida que vai progredindo na aprendizagem, o individuo autonomiza-se como ser de cultura, comprometido a implementar a pessoa que deveria ser, por ter tirado partido da relação com o outro e do seu saber.
Há muita gente por aí que tem a ilusão que  aprender com é dispensável, como se não compreendessem a importância desse laço social. Parece que acreditam que o conhecimento parte deles,  interessam-se só por parcelas, não adquirem um quadro de entendimento nem se questionam se estão no caminho certo, desvalorizando deste modo, o papel do outro e do saber acumulado pela humanidade.
Relevante, relevante, é também a disposição da sala de aulas na Idade Média, tão semelhante aos atuais espaços de aprendizagem. 


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