Daniel Blaufuks
“O
jovem de hoje, quando pergunta se você “está ligado?”, não está sendo tonto e
nem superficial, como podem pensar os seus pais. Não se trata no “tá ligado?”
de uma banal linguagem fática, de testagem do canal comunicativo. O que ele
pergunta é se o que faz sentido para ele, de uma forma única, faz sentido para
você. Sentido e não significado. Algo que toca um, também toca o outro, mas de
maneira diferente. E essa diferença é sustentável. As pessoas não precisam
compartir o mesmo significado para estarem juntas. “
Jorge
Forbes Girassois clinicando as psicoses.
Cada um de nós ao longo da
vida experienciou situações diferentes, com pessoas distintas, e em contextos
emocionais irrepetíveis. Dessas vivências, em particular na família, vingaram
significados pessoais sobre as coisas – a posse do outro sinónimo de “amor”;
mais tarde, numa relação, achar que não é amado quando o outro se distancia….
O princípio de ficar próximo
é compreendermos que, com este património pessoal de significados, ouvir
o outro é mudarmos a nossa percepção, desbravar memórias até ao osso, por vezes
chegadas de tão longe, de maneira a nos aproximarmo-nos do seu real pensar e sentir, e
encontrarmos, não necessariamente o mesmo significado – que milagre seria -, mas sentidos
partilhados.
Não
perceber o que toca ao outro, a persistir, é a expressão da não ligação, sem
violência, sem crueldade, mas desoladora. Não há vida em conjunto para
viver.
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