(...)
“Com 89 anos, o
psicanalista António Coimbra, detecta transformações claras nos desabafos de
divã dos seus doentes: “Dantes procuravam-me por dificuldades nas relações
amorosas e familiares, hoje aparecem-me muitos pacientes por perturbações no
trabalho. As pessoas estão em burnout,
em conflito com as empresas onde trabalham, a vida profissional tornou-se má”,
conta, para acrescentar que, se antigamente o alvo dessa zanga era um patrão
claramente identificado, “hoje as pessoas nem sabem quem é que as oprime, são
sociedades anónimas. O inimigo é anónimo, está nas nuvens”. E isso,
conclui, “não lhes permite exercer ou direccionar a agressividade”.
A montante, prescreve
ainda, há tarefa preventiva fundamental: “É importante que as escolas comecem
desde cedo a desenvolver o pensamento crítico: que haja menos aulas clássicas e
mais tempo de diálogo; que ponham os alunos a investigar e a procurar os
problemas. Se for uma aula de Botânica, levem-nos para o Parque de Monsanto”,
desafia. O importante é que haja toque, “contacto directo com a realidade”,
porque “é na relação com as coisas, as pessoas, o mundo, que as aprendizagens
se fazem”.
(...)
Natália Faria, Jornal Publico, 5
de março de 2019, #Hashtag Portugal:
“Os nossos populistas são muito estúpidos” https://www.publico.pt/
Imagem ISPA
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