imagens publicitárias
A mulher representada anula-se
como pessoa e assume o papel do objeto observado, vendido, comprado e
consumido. Quando as mulheres são objetificadas são também tratadas como corpos
que existem para o uso e o prazer dos outros. O corpo é despojado de
individualidade e personalidade. O primeiro passo em direção da objetivação
sexual é o olhar objetificador. O conceito de objectification (sobre o qual já
tinham falado Catharine MacKinnon e Andrea Dworkin) foi aprofundado pela
filósofa Martha Nussbaum (1999). De acordo com a mesma, as dimensões da
objetificação manifestam-se através de sete características:
- Instrumentalização: o objeto é um instrumento usado pelos outros;
- Negação da autonomia: o objeto é uma entidade sem autonomia e autodeterminação;
- Inércia: o objeto é uma entidade que não conhece a capacidade de agir e de ser ativo;
- Intercambiabilidade: o objeto é intercambiável com outros objetos da mesma categoria;
- Violabilidade: o objeto é uma entidade não íntegra, portanto, é possível reduzi-lo em pedaços;
- Propriedade: o objeto pertence a alguém e pode ser vendido ou emprestado;
- Negação da subjetividade: o objeto é uma entidade cujas experiências e cujos sentimentos são trascuráveis.
Se as mulheres são objetos
sexuais, consequentemente podem ser tratadas como tais, portanto violadas,
abusadas, maltratadas. O controlo sobre o corpo da mulher e sobre a sua
reprodução social continua a constituir um importante ponto não resolvido na
sociedade capitalista e androcêntrica, daí a sua objetificação.
In A imagem violenta gera
violência: viagem através da representação destorcida do corpo feminino na
publicidade italiana. Débora Ricci
Esta comunicação da investigadora Débora Ricci, que eu considero muito interessante, integra o livro Estudos de género. Diversidade de olhares num
mundo global, coordenado por Anália Torres, Dália Costa e Maria João Cunha. O livro tem origem num conjunto selecionado de
comunicações apresentadas no I Congresso Internacional promovido pelo CIEG,
Centro Interdisciplinar de Estudos de Género, do Instituto Superior de Ciências
Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-ULisboa) - disponível em:http://cieg.iscsp.ulisboa.pt/
Nota: as imagens foram retiradas da mesma comunicação
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