sexta-feira, 5 de julho de 2019

A mulher como objeto


imagens publicitárias


A mulher representada anula-se como pessoa e assume o papel do objeto observado, vendido, comprado e consumido. Quando as mulheres são objetificadas são também tratadas como corpos que existem para o uso e o prazer dos outros. O corpo é despojado de individualidade e personalidade. O primeiro passo em direção da objetivação sexual é o olhar objetificador. O conceito de objectification (sobre o qual já tinham falado Catharine MacKinnon e Andrea Dworkin) foi aprofundado pela filósofa Martha Nussbaum (1999). De acordo com a mesma, as dimensões da objetificação manifestam-se através de sete características:
  1. Instrumentalização: o objeto é um instrumento usado pelos outros;
  2. Negação da autonomia: o objeto é uma entidade sem autonomia e autodeterminação;
  3. Inércia: o objeto é uma entidade que não conhece a capacidade de agir e de ser ativo;
  4. Intercambiabilidade: o objeto é intercambiável com outros objetos da mesma categoria;
  5. Violabilidade: o objeto é uma entidade não íntegra, portanto, é possível reduzi-lo em pedaços;
  6. Propriedade: o objeto pertence a alguém e pode ser vendido ou emprestado;
  7. Negação da subjetividade: o objeto é uma entidade cujas experiências e cujos sentimentos são trascuráveis.

Se as mulheres são objetos sexuais, consequentemente podem ser tratadas como tais, portanto violadas, abusadas, maltratadas. O controlo sobre o corpo da mulher e sobre a sua reprodução social continua a constituir um importante ponto não resolvido na sociedade capitalista e androcêntrica, daí a sua objetificação.

In A imagem violenta gera violência: viagem através da representação destorcida do corpo feminino na publicidade italiana. Débora Ricci


Esta comunicação da investigadora Débora Ricci, que eu considero muito interessante,  integra o livro Estudos de género. Diversidade de olhares num mundo global, coordenado por Anália Torres, Dália Costa e Maria João Cunha. O livro tem origem num conjunto selecionado de comunicações apresentadas no I Congresso Internacional promovido pelo CIEG, Centro Interdisciplinar de Estudos de Género, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-ULisboa) - disponível em:http://cieg.iscsp.ulisboa.pt/

Nota: as imagens foram retiradas da mesma comunicação

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