segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A linha da empatia


Erik Johansson Common Sense Crossing

“Uma analogia simples pode ajudar. O psicopata é como uma pessoa que não enxerga cores, que vê o mundo em sombras cinzentas, mas que aprendeu como deve agir no mundo colorido. Ele aprende que o sinal de trânsito que indica parar fica na parte de cima do aparelho. Quando uma pessoa que não enxerga cores diz que parou no sinal vermelho, na verdade ela queria dizer que parou no sinal de cima. Tem dificuldade em distinguir a cor das coisas, mas pode aprender modos de compensar esse problema e, em alguns casos, às vezes nem amigos próximos sabem da existência da deficiência. Assim como as pessoas que não enxergam as cores, o psicopata não tem um elemento importante da experiencia; nesse caso o aspeto emocional, mas consegue aprender as palavras que os outros usam, e, assim é capaz de descrever ou de imitar experiencias que na verdade não consegue entender. Como coloca Cleckley: Ele pode aprender as palavras comuns…(e) também aprende a reproduzir de modo apropriado os gestos, as expressões faciais e os movimentos do sentimento…mas não experimenta o sentimento real.”.
Robert D. Hare Sem consciência O Mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós Artmed
A analogia apresentada também pode ser útil para traçar a linha da empatia.
De um lado estarão os psicopatas e as personalidades psicopáticas que olham para os outros, e em maior ou menor grau, não conseguem encontrar dentro de si uma parcela que os faça sentir semelhantes. Não têm, por isso, como saber que algo é um sentimento profundo, e reconhecê-lo. E não têm como saber que não compreendem, mas podem disfarçar essa incapacidade com recurso, por exemplo, à sedução ou à simpatia, para ocultar a falta de empatia. 
Do outro lado da escala, estarão todos aqueles, que nas palavras clássicas de Carl Rogers, são capazes de ouvir o que o outro tem a dizer, capazes de compreender como uma coisa lhe surge a ele, capazes de ver o que isso significa para ele, capazes de sentir a sua reação emotiva perante tal coisa.
É o traço contínuo do desenvolvimento moral e afetivo, ao longo do qual todos nos situamos, e que ingenuamente, ou por abundância do coração, não damos conta que nas nossas interações podemos ou não estar a partilhar a mesma língua.
Até perdemos a inocência. Daí para a frente, abre-se um novo mundo, que surpreendentemente nos pode facilitar a comunicação.

2 comentários:

Cris Medeiros disse...

Interessante a comparação com as cores...

Beijocas

cristina simões disse...

já escrevi várias vezes sobre este tema...mas achei interessante a imagem das cores...não resisti.