Jim Dine
“Tem de ser amigo de si próprio em primeiro lugar, porque
isso é uma condição prévia para qualquer teoria materialista e hedonista do
amor: não se zangar consigo próprio, não manter relações mortíferas com a sua
própria intimidade, não deixar que no mais fundo de si próprio se desenvolvam
as pulsões negativas do ódio ou do desprezo contra o próprio corpo, não
permitir que a violência se volte contra si. Não lacerar ou desfigurar a alma,
não ficar vencido pela martirização mórbida e pela aversão pelo seu ser, não
deixar avançar a culpa, essa máquina de guerra judaico-cristã, a sensação de
pecado, a força da culpabilidade, os espinhos da carne. Não há futuro para quem
acredita que tem dentro de si um animal pecaminoso e para quem acalenta esse criminoso
sem remissão, incapaz de estabelecer os contratos hedonistas de que fala
Diógenes de Enande. Porque esse danado deixa sempre atrás de si os traços
viscosos e resistentes da pulsão de morte, com os quais polui os que, por
infelicidade, se aproximam dele.”
Michel Onfray* Teoria do corpo amoroso Temas e debates
...e que é bom ter prazer...fazer o que se quer...quando se quer...e praticar o bem
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