George la Tour A adivinha
“Neal Ascherson (1983) relata que Klaus Barbie, o chefe da Gestapo de
Lyon que torturou Jean Moulin até à morte, disse, uma vez, numa entrevista: Quando
interroguei o Jean Moulin, senti que ele era eu próprio.”
Arno Gruen A Traição do eu
O relato é usado pelo autor, para comprovar como é possível possuir a
capacidade de reconhecer a humanidade do outro e mesmo assim ser cruel até o
matar.
Se nos confunde, o certo é que o chefe da Gestapo
evidenciava uma componente da inteligência emocional – identificou emoções em
si e em Jean Moulin. Não sabemos se poderia ser considerado emocionalmente
inteligente, pela posse de um conjunto de outras capacidades, tais como:
compreender as causas das emoções e as suas consequências para o pensamento e
comportamento; rotular emoções com vocabulário sofisticado; expressar emoções
de forma socialmente apropriada; e regular as emoções de forma eficaz.
Podemos sintetizar que a inteligência emocional dá-nos competências sócio
emocionais de que tanto se fala na modernidade, só que as mesmas podem ser
utilizadas para o mal - o lado negro da inteligência emocional-, para a
manipulação do outro. Esta é uma ideia que tendemos a rejeitar, por estarmos submersos pela valorização daquelas capacidades adaptativas
que sustentam variadíssimos projetos sociais e educacionais.
Se julgamos que
não podem coabitar na mesma pessoa as qualidades citadas ao serviço do mal,
pensemos nos líderes carismáticos e nos seus desgovernos, ou nos grandes
burlões que iludem magistralmente as pessoas. O que lhes falta, de fato, não é
a inteligência emocional, é esta ser entroncada com a moral, com os valores positivos, apoiados na capacidade
de doer no próprio, quando inflige sofrimento a
outro. A inteligência emocional não é mais importante que a moral.
Ao simplificar, bastaria a educação moral e o auto-conhecimento, em nós, para deixarmos o mundo melhor.
Aos os interessados no tema, vale a pena investigar se tudo depende de se considerar a inteligência emocional como dimensão interpessoal ou como traço de caráter.
Ler: "Emotional intelligence is important, but the
unbridled enthusiasm has obscured a dark side." de Adam Grant, aqui.
Vale também a pena ler "Does IQ Beat EQ? Wrong question" de Jushua Freedman, aqui.
Vale também a pena ler "Does IQ Beat EQ? Wrong question" de Jushua Freedman, aqui.
Analisando a importância da empatia sob outra perspetiva, no site Fronteiras
do Pensamento leia o artigo “Colocar-se no lugar de
bilhões de estranhos? O problema da empatia como solução para a humanidade”, do qual transcrevo:
"Ainda,
Bloom ( o psicólogo canadense Paul Bloom)
argumenta ser impossível desenvolver empatia por sete bilhões de estranhos no
planeta, refutando a ideia de que precisamos ver a humanidade como uma família.
Para ele, o que devemos fazer é ensinar o valor universal da vida, seguindo a
linha de Steven Pinker, que defende que faculdades mentais mais complexas -
como razão e justiça - são mais eficazes como um guia para o futuro. (…) Onde a empatia realmente importa é nos nossos relacionamentos pessoais.(...) Empatia
apenas nos trai quando a levamos como um guia moral."
ACEDER http://fronteiras.com/canalfronteiras/noticias/?16,262 ou
http://www.fronteiras.com/entrevistas/a-empatia-piora-o-mundo-diz-psicologo-canadense
E, ler também "O lado obscuro da empatia" de Paul Bloom:
https://www.fronteiras.com/artigos/o-lado-obscuro-da-empatia
http://www.fronteiras.com/entrevistas/a-empatia-piora-o-mundo-diz-psicologo-canadense
E, ler também "O lado obscuro da empatia" de Paul Bloom:
https://www.fronteiras.com/artigos/o-lado-obscuro-da-empatia
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