Roger Van Weyden
“ …(as pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline)
são pessoas que são capazes de organizar os pensamentos, mas são incapazes de
os articular entre si.”
Carlos Amaral Dias
Talvez não seja do senso comum saber-se que há
investigadores que consideram que o Transtorno de Personalidade Borderline não
é uma estrutura (como a neurose ou a psicose….), mas sim um estado da estrutura, designemos por funcionamento limite, que poderemos encontrar em qualquer estrutura (de personalidade), e manifestar-se num episódio em certas fases difíceis da vida em que as reservas se esgotam
e o individuo descompensa.
Acho muito útil este conceito de funcionamento limite. No
domínio cognitivo, o apontamento brilhante de Carlos Amaral Dias acerca do
transtorno ou do modo de funcionar limite - a capacidade de criar pensamentos
mas não os articular entre si. Para que tal fosse possível, seria preciso dialogar com os seus carrascos, pensar nos seus pensamentos, nas suas emoções, no
acontecimento ausente, tolerar a frustração de uma mente povoada de dúvidas, incertezas e conseguir digerir a inveja. Confiar no outro e imaginar o seu mundo.
As pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline (ou com o funcionamento limite propriamente dito), são conscientes das contradições que fazem
parte da vida, a inteligência permite, mas evitam o conflito interior que elas geram. Ou seja, não sabem lidar com os conflitos que todos nós enfrentamos e com a complexidade das situações. Como resultado, podem deixar-se apoderar pela destrutividade.
Esta unidade
indivisível - não saber lidar com os conflitos e com a complexidade da vida - leva a impasses existências, incapacidade de pensar, sensação de
cabeça vazia, recusa de escolher, falsidade nas atitudes, ambivalência, rigidez
afetiva e mental, ao agir (evacuar a frustração em vez de elaborá-la) para não deprimir e à deslocação para o social dos problemas
pessoais que provocam conflitos interrelacionais.
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