sábado, 29 de maio de 2010

A Ninfa Eco


É costume nos concentrarmos em Narciso e na ânsia deste em se amar a si próprio, seguida da frustração por não o conseguir, e consequente, a morte, e negligenciarmos o papel da Ninfa Eco neste desenlace.
Mas este papel não é desprezível.
A submissão e dependência de Eco em relação a Narciso ao ponto de não ter opinião própria, corresponde à imagem de Narciso, porque Eco, na verdade, nunca existiu como pessoa real. 
Portanto, a Nifa Eco, apresenta-se como um duplo que permite a Narciso satisfazer a ilusão que é totalmente aceite e compreendido. E auto-suficiente.
Mas Eco, pelo facto de limitar-se a repetir o que ouve, “ fazer a vontade” acaba por ser uma desilusão para Narciso levando-o à morte por não lhe proporcionar o conhecimento de si mesmo – atingido na relação com outro - e, à experiência de ser amado apesar de ter, como todos nós, imperfeições. 
Faz lembrar aquelas relações sustentadas pelo domínio e submissão, em que os dois acabam infelizes.
Narciso criou Eco para não passar pelo risco de ter necessidade de alguém e de estabelecer um vínculo, única maneira possível que ele teria, e todos nós temos, de viver uma vida com sentido.

2 comentários:

Anónimo disse...

seria uma sindrome incomtrolavel agregar a eco, na mitologia , assim como a otelo em shekspeare,uma serie de disturbios, manifestados em nos mesmos, em diferentes formas e niveis concentralos em eco e iago e negarmos a sua existencia por sua singularidade, seria como negar a nos mesmos os erros e bloqueios naqda mais q humanos.

cristina simões disse...

Como refere Coimbra de Matos, o recurso aos mitos serve para ilustrar o conhecimento.Só isto, nada mais.
Obrigada pelo comentário