segunda-feira, 23 de julho de 2012

O negativismo

Geraldine Javier Storm Chasing Dog Chasing Girl Chasing Storm 1970

"Quando a raiva narcisista não se pode manifestar abertamente, aparece, às vezes, sob uma forma particular de reafirmação do sujeito, o negativismo. Já em outro lugar, havíamos colocado que o sujeito podia chegar a opor-se a seu próprio desejo para que não satisfizesse o do outro.
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Podemos agora completar aquela descrição, assinalando que quando se deseja que o desejo do outro não se satisfaça é porque se entrou numa luta narcisista sobre quem é o dono do desejo, o sujeito ou o outro. Mediante o negativismo, adquire-se o sentimento de ser quem manda, quem não se submete ao domínio do outro.
No negativismo, é necessário procurar sempre a ferida narcisista, o vivido como ofensa que se quer estancar através daquela conduta. Por isso, é particularmente frequente e intenso na adolescência, na qual o sujeito sente-se tão inseguro, podendo cumprir, quando não é excessiva, uma função estabilizadora do equilíbrio narcisista e, portanto, constituir uma fonte de crescimento. A partir dessa perspetiva, o negativismo será tanto mais forte quanto mais a autoestima esteja questionada, seja a partir do exterior – por falta de figuras significativas -, seja a partir do próprio sujeito.”
Hugo Bleichmar O Narcisismo Artes Médicas
O negativismo sendo uma defesa perante a ansiedade, pode ser identificado pela atitude que na linguagem popular se traduz por “estar sempre do contra”, que de acordo com o tipo de pessoa, mais sofisticada ou menos sofisticada, se expressa por diversas formas. Mas todas elas significam a dificuldade em segurar o que se sente de bom (Rita Mendes Leal), e que vem do outro. É o contrário do impulso de vida, por atacar o laço que podia unir as pessoas, mas que se pode manter por conceder um sentimento de poder.


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