domingo, 18 de novembro de 2012

Quarta-feira em São Bento


A manifestação de quarta-feira passada junto à Assembleia da Republica - dia da Greve Geral -  permitiu levantar discussões que procuraram identificar o que moveu quem nela participou. Para alguns tratou-se de uma manifestação de cólera, para outros de desordem, violência…., entre outros conceitos.
No texto “Violência e evolução afetiva humana”, Jean Bergeret define o que é a violência fundamental; a violência (propriamente dita); a agressividade; o ódio, sendo todos comportamentos distintos.
Sobre a violência fundamental, a força com que nascemos e que nos faz ter poder para levarmos a nossa avante os nossos interesses sobre todos as outras pessoas, que o individuo deverá sublimar ao longo do seu desenvolvimento através da sua educação e das instituições, aqui vos deixo um pequeno extrato do texto de Jean Bergeret.
Antes porém, fiquei a pensar se aquela manifestação de quarta-feira não se deveria ao fato das políticas de alternativa única para a austeridade, ao serem aparentadas com a lei do “eu ou ele” ou melhor, do “eu ou nada/caos", própria dessa violência fundamental, são por isso inaceitáveis, por contrariarem o que nos fez humanos ao longo da nossa evolução: o concretizar de modo criativo as nossas capacidades amorosas e de trabalho, e sermos solidários.
Jean Bergeret em "Violência e evolução afetiva humana”*:
(...)
Esta (a violência fundamental) é universal porque está presente em cada individuo; trata-se de uma componente instintual inata destinada a ser progressivamente integradas noutras finalidades humanas no decorrer da infância e adolescência para que o adulto alcance um livre e eficiente exercício das suas capacidades amorosas e criativas. Mas é evidente que nem todos os indivíduos conseguem o seu grau de integração da sua violência natural primitiva.
Etiologicamente, o termo violência não traduz qualquer intenção agressiva. Trata-se de um radical grego e latino que pretende somente significar o desejo de viver (Bia-Via-Vita).
A violência fundamental é a lei do “eu ou ele” ou melhor do “eu ou nada” semelhante ao princípio da base do computador do “zero ou um”, só que o computador não se deixa atrapalhar pelos sentimentos.
(…)

*in Psicologia patológica Climepsi
O título é retirado da crónica de Vasco Pulido Valente do Público de hoje - só verdades, digo eu.
imagem extraída da net

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