domingo, 24 de março de 2013

As emoções secundárias

Graça Morais

“ A emoção é primária ou protopática – apenas a tonalidade hedónica orienta a conduta, no sentido da ação ou da desistência. Faltam as emoções secundárias - diacríticas e discriminadas, aquelas de que é feito o laço socio afetivo, aquelas que alimentam o pensamento e aquelas que imprimem um sentido teleológico à existência.
O que falhou? - Uma relação de vinculação em que, sendo alguém para um outro alguém, o fizesse alguém de significativo e de significante.”
António Coimbra de Matos O desespero Climepsi

É sobre a patologia borderline.
Identificamos habitualmente a falha da empatia e da responsabilidade por si e pelo outro, mas tudo gira à volta da falta das emoções secundárias (que refletem a reação emocional a sentimentos específicos), que são aprendidas através das experiências e que não se formaram adequadamente.  A  sua inexistência ou a sua presença em meros lampejos, e o consequente empobrecimento do desenvolvimento afetivo e espiritual, a pouca profundidade emocional (emoções rasas), é o traço comum a toda a psicopatia, onde se inscreve a perturbação borderline de personalidade.  
É outra gramática, outra lógica com um código pessoal de interpretação, e a consciência desta outra linguagem, poderá ajudar a compreender e a suster o sofrimento dos que lhe são próximos. 

Sem comentários: