de Erik Johansson
“Nos legados de Bion, um
ponto muito importante é o que ele denomina como parte psicótica e não
psicótica da personalidade. Essa parte psicótica não equivale a um diagnóstico
psiquiátrico, mas sim a um modo de funcionamento mental, coexistente a outros
tantos. A PPP (parte psicótica da personalidade) designa comportamentos mais
regressivos, com núcleos primitivos enquistados na personalidade de qualquer
indivíduo.”
Trabalho sobre o seminário de Bion. Coordenador Dr José Luiz Petrucci. Candidata Rosa Beatriz Santoro Squeff, Agosto 2006 (disponível online, aqui )
Trabalho sobre o seminário de Bion. Coordenador Dr José Luiz Petrucci. Candidata Rosa Beatriz Santoro Squeff, Agosto 2006 (disponível online, aqui )
Revolucionária esta ideia que Bion nos deixou, que tanto os indivíduos psicóticos (com estrutura psicótica: esquizofrénicos…), como os neuróticos, assim como as pessoas psicologicamente saudáveis, têm partes psicóticas na personalidade. E todos têm também, partes saudáveis (não psicóticas), o que significa que a neurose, a psicose e a normalidade não são entidades clínicas puras, mas coexistem em qualquer pessoa.
Se isto vos parece uma teoria
como tantas outras, devo dizer-vos que para mim é absolutamente genial, útil para a vida,
já que a parte psicótica da personalidade identificada por Bion, e existente em
todos nós, manifesta-se através de comportamentos de recusa da verdade, com
preferência pelo mundo das ilusões, de enorme oposição à mudança e rejeição da realidade tal como ela é. Ou seja, manifesta-se na nossa vida quotidiana
quando evidenciamos intolerância à frustração, medo de procurar e descobrir
coisas, discursos destrutivos e relações afetivas envoltas em ambivalência - que são as características próprias dos psicóticos.
Nas pessoas chamadas pela
linguagem popular, “bem resolvidas”, estes comportamentos existem ou poderão ser desencadeados em situações
de crise psicossocial, mas habitualmente são tornados conscientes, integrados
na personalidade e transformados com vista ao crescimento como pessoa e à qualidade das relações interpessoais.
Em outros indivíduos, a parte
psicótica mantém-se separada do resto da personalidade, como um quisto, com
dificuldade em ser transformada em saúde mental, que irrompe nos comportamentos intempestivos,
inesperados, a despropósito e frequentemente ofensivos - a arrogância (identificada por Bion como característica da parte psicótica da personalidade). É fonte de agressividade.
A "quantidade" da parte psicótica na personalidade da pessoa, determina o grau de sanidade da mesma.
A "quantidade" da parte psicótica na personalidade da pessoa, determina o grau de sanidade da mesma.
2 comentários:
muito bom, gostei...
É também um exercício de humildade, compreendermos que todos temos uma natureza comum e que o mundo não é "os loucos" de um lado e nós de outro. Apela também para a necessidade de cuidarmos da nossa saúde mental. Poderemos um dia passar para o outro lado. Espero escrever melhor sobre isto.
obrigada pelo seu comentário
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