terça-feira, 25 de maio de 2010

Ela me faz a corte


“(Julien pensa) Mas não, ou estou louco, ou ela me faz a corte; mais eu me mostro frio e respeitoso para ela, mais ela me procura. Isto poderia ser de propósito, uma afectação, mas vejo os seus olhos animarem-se quando apareço de improviso. As mulheres de Paris saberão fingir a esse ponto? Que importa!”

O Vermelho e o Negro – Stendhall
Tal como Julien, quando nos concentramos unicamente nas nossas necessidades – poder de sedução - e não estamos interessados em conhecer verdadeiramente o outro e a amá-lo, estamos a viver um amor narcísico. Exploramos as suas necessidades, de modo a satisfazer as nossas.
O outro (que não reconhecemos como pessoa), está no lugar do espelho das águas no qual Narciso admirava a sua imagem reflectida.

2 comentários:

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Narciso tem sido passageiro nas tuas meditações aparentemente simples , mas certeiras .
abraço
________ JRMARTO

cristina simões disse...

Interesso-me pelo tema do Narcisismo. E, é verdade, procuro simplificar as ideias, mas esforço-me por não lhes retirar o rigor. É um exercício difícil, mas desafiante. Parece-me ser o único caminho para eu própria compreender o que escrevo.