quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Reserva



Há situações na vida que nos provocam como defesa um certo retraimento. Podem estar relacionadas com atritos nas relações, ou perdas de vária ordem, como sejam os problemas financeiros, de saúde, luto ou divórcio. Resguardamo-nos. Porque quando as coisas são dolorosas vemo-las no campo das emoções e não no campo da consciência. Por isso faltam-nos durante algum tempo, as palavras para traduzir essas emoções, e os gestos dos quais possamos recuperar.
Culpamo-nos pela entrega a um tempo dorido e desajeitado.
Desconhecemos, que é um modo saudável e útil de nos protegermos.

Isabel Botelho no seu interessante texto “Do degelo psicológico como reanimação da paisagem” apresentado no Seminário "Amores em Tempos de Inverno" da Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, refere-se a este processo, como se fosse um congelamento do nosso eu.

Deixo-vos o pensamento do psicólogo Winnicott sobre este assunto:
É necessário incluir-se na teoria que cada um tem do desenvolvimento de um ser humano a ideia de que é normal e saudável para o indivíduo ser capaz de defender o self contra a falha (falência) ambiental específica através de um congelamento da situação de falha (freezing of the failure situation). A par disto, junta-se uma suposição inconsciente (que se pode tornar numa esperança consciente) de que, numa data posterior, ocorrerá a oportunidade de uma renovada experiência na qual a situação de falha se tornará capaz de ser descongelada e reexperimentada, com o indivíduo num estado regredido, num ambiente que faz uma adaptação adequada. A teoria está aqui a apresentar a regressão enquanto parte do processo de cura, um fenómeno normal que, efectivamente, pode ser convenientemente estudado na pessoa saudável”



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