quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Falar para /Falar com

Hopper, E. Sunlight in Cafeteria, 1958


“Tudo o que me está a descrever, eu acho que é fantástico, a forma como conseguiu encontrar um outro dentro de si, que o protege das experiências mais angustiantes que você próprio descreve, como se você encontrasse dentro de si um outro que pode dar nome a todas estas experiências e o protege de todas estas experiencias angustiantes que você está a descrever. Mas há algo que ainda não encontrou, que é o lugar em que você fala com o outro”
Carlos Amaral Dias Costurando as Linhas da Psicopatologia Borderland (estados – limite) Climepsi

Falar consigo próprio, num discurso interior, é o assunto deste pequeno texto, mas, a distinção entre falar para o outro e falar com o outro, é importante que seja feita e que tenhamos consciência dela. Pode ser a diferença entre o monólogo - que é um estado de solidão – e a troca emocional genuína.
Situamo-nos em cada um destes estados ou nos seus pontos intermédios, conforme as nossas capacidades de comunicação, a estranheza ou o sentimento de familiaridade, e a vontade ou não, de nos darmos.
Estados de solidão imposta podem relegar-nos para espaços inabitados em que se estabelecem longas conversas connosco, de modo a darmos sentido ao que se viveu. Acalmamo-nos.
Em outras vivências, impomos a nós próprios estas condições. Estamos convictos que pensamos muito. Não pensamos assim tanto, nesses labirintos há espaços escuros que não conseguimos iluminar.
"Gostava que me ajudasses a perceber isto" - esperamos que o outro possa atribuir significados sobre o que não foi possível pensar. Ele diz-nos que afinal a nossa mente não é estranha ou bizarra, e que há o semelhante a nós.


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