domingo, 31 de julho de 2011

A minha teoria


Mas isso são teorias, a própria subsistência é uma teoria. Por exemplo alguém que não lê o boletim meteorológico mas que sabe o tempo porque as nuvens baixaram, a andorinha voou ou qualquer coisa, está a produzir uma teoria. A palavra teoria vem do grego que significa olhar e ver. Se você só olha não percebe, tem de ver. Estamos a produzir teorias, mais ou menos sofisticadas, mas estamos sempre a produzi-las.”
Carlos Amaral Dias Costurando as Linhas da Psicopatologias Borderland Climepsi

Que bom saber isso. Já não sinto culpa pelas minhas teorias. Tenho várias, mas de momento só me arrisco a falar de uma: a minha enorme simpatia pelos pais que permitem que a sua criança pequena transporte para todo o lado o seu objecto (uma fralda, um coberto, um boneco de pano…).
A minha hipótese é que esses pais ainda guardam dentro de si a criança que foram, e sendo capazes de  identificar-se com o seu filho – colocar-se na sua pele –, admitem que ele necessita de apoiar-se em algo que lhe dê conforto e segurança, para além deles próprios.
Comovem-me os estratagemas usados para lavar esses objectos, sem que a breve separação se torne dramática. Sobressalto! O cheiro irremediavelmente parece ter desaparecido, para voltar mais tarde com o uso.
Suspeito que os pais das crianças que não permitem que aquele aconchego se torne possível, associam-no a estados de fraqueza e dependência, que seriam insuportáveis, para eles, tolerar.




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