quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O ódio ao amor

Alen Jones Chair 1969

“O ódio existia já na fase de domínio, mas ele era contornado, mascarado pelo perverso, de modo a manter esta relação congelada. Tudo o que existia já de uma maneira subterrânea aparece doravante às claras. O domínio de demolição torna-se sistemático.
Não se trata aqui de amor que se transformou em ódio como há tendência para crer, mas de inveja que se transforma em ódio. Não é também aquela alternância amor-ódio a que Lacan chamava” hainamoration”, porquanto, por parte do perverso, não houve jamais amor no sentido real do termo. Podemos mesmo, seguindo Maurice Hurni e Giovanna sotll, falar de ódio ao amor para descrever a relação perversa.”
Marie – France Hirigoyen Assédio Coação e Violência no Quotidiano Pergaminho

Este texto é interessante para ilustrar aquelas relações de casal, que ainda juntos ou em fase de rutura, a intenção de frustrar o outro são agora evidentes, e feitas em permanência.
O nosso lado mais insensato poderá até julgar que este comportamento se deve ao amor que se transformou em ódio, devido à rejeição, ou ao desgaste do tempo. Mas não, se houve falta respeito pelo outro, o ódio nas suas diversas manifestações, sempre esteve presente. Transformou-se nesta fase, em inveja pelo que o outro "tem a mais e que o perverso quereria apropriar-se, depois é um ódio inconfessado, que tem a ver com a frustração de não poder obter (dele/a) tanto quanto desejaria.”
Desconhecem-se os limites e arrisca-se cada vez mais.
A vontade da vítima desejar e lutar por uma vida nova, ou seja, libertar-se do domínio, também contribui para intensificar os comportamentos de violência.

Sem comentários: