quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Paradoxo da dádiva

Gordon Parks Dinner time at Mr. hercules Brown s Home, Smmerville Maine, 1944 (fotografia)


“ Ou mais precisamente a expetativa que a dádiva de si leve o conjugue a colocar-se por sua vez, numa posição de doador, sendo que a dádiva é feita mais para que o outro dê do que para receber. (Bloch, Buisson, Mermet, 1989). O paradoxo é que esta expetativa não pode ser formulada, sob pena de a economia da dádiva ser desvirtuada. Ela deve idealmente permanecer silenciosa e não representada, como uma imposição que a funda. Se não, transforma-se progressivamente, no seu contrário: o cálculo da dívida.”

 Jean – Claude Kaufmann - O casal e o seu guarda – roupa Editorial Notícias


Um tema central na nossa vida, nos diversos contextos, esperar que o outro se aperceba da nossa dedicação e que tenha a iniciativa de retribuir com a sua parte. O desafio permanece silencioso e muitas das vezes nem temos plena consciência das provas que colocamos, mas mesmo intencionais, não podem ser expressas porque queremos que ele revele a sua natureza vazia de obrigações. Seria reconhecer o nosso ser. Dar-nos razão, e de certa forma, um fio inseparável do próprio amor, nos unir.
Alimentamos sem querer uma esperança, e esticamos o tempo e as ideias, para não chegarmos com uma certa crueldade de espirito, a cobrar todas as dívidas que ficaram por pagar.

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