Recebi hoje um comentário neste
blogue que expressa a vontade em compreender como "se pode mergulhar no mais intímo, contar coisas que nunca antes foram contadas", a um psicoterapeuta. Como se pode confiar.
Por me parecer
uma preocupação comum a todos nós, e sendo minha intenção corresponder dentro do que
me é possível, às pessoas que me lêm, e também de modo a contribuir para a divulgação da psicologia, e neste caso, da intervenção terapêutica,
transcrevo, um extrato de uma sessão que ilustra o medo de sair da zona de
conforto que paradoxalmente não trás bem-estar. O modo como o analista interpreta, não é aqui, exposto.
EXTRATO DE UMA SESSÃO
Mário:
“É como se estivesse à beira
de um abismo, se falo é como se caísse e morresse; se não falo é como se
fugisse e viesse alguém atrás de mim para me castigar…Não tem saída!..às vezes
parece-me que estou à beira do limiar; um passo atrás é o fim, a loucura, um
passo à frente e conseguia…”, ou ainda: “Estou completamente bloqueado,
emaranhado numa teia, num sarilho: não posso falar do passado porque não me
lembro de nada; do presente porque não tem interesse, só me ocorrem os sintomas
e a Srª já deve estar farta de os conhecer; do futuro não posso falar porque
não vejo saída. E nem pensar posso, porque para mim pensar é logo fazer e por
isso entro em pânico, sou logo um criminoso…”
(…)
Analista
A necessidade que Mário tem
de fixar e impor as suas próprias premissas – falsas – face à realidade e de se
colocar rigidamente numa determinada perspetiva, impedindo o insight e
satisfazendo assim o seu narcisismo, mostra como a barreira defensiva que
construiu serve para colmatar – no fim de contas sem êxito – os buracos negros
da sua “teia.”
Mário
- “Parece tão simples!
Bastava eu dizer o que pensava. Mas é um salto no abismo! Qualquer coisa de
horrível! Pensar e falar espontaneamente é um salto em queda livre!...E não
posso pensar em ter que me sentir grato, se me ajudar…”
Silêncio grande
“Mas estou a ver que a única
maneira é eu fazer de conta que não tenho medo, pensar que a Srª aguenta tudo, que
não morre, que não se chateia de mim e dizer o que me passa pela cabeça. Fazer
como os católicos que têm fé na Igreja…”
Maria de Fátima Sarsfielde
Cabral Pensar a emoção Margens
Nas palavras
de Coimbra de Matos “No trabalho interpretativo, o analista funciona como Eu auxiliar,
novo Eu auxiliar, que interpreta os vícios da relação e constrói um novo estilo
relacional: aberto, prazeroso e indagativo.” (Mais saúde menos doença)
Só possível numa relação de autenticidade, de esforço e de vontade em crescer.
Só possível numa relação de autenticidade, de esforço e de vontade em crescer.
4 comentários:
Cristina obrigada pelo post, o conseguir debitar o mais intimo é a diferença entre o crescimento/ evolução ou a estagnação viver com os conflitos q nos fazem sofrer, o analista tem q ter a arte de nos fazer sentir seguros, estou a ler um livro de Coimbra de Matos " Relação de qualidade penso em ti , estou a adorar, como já perdi as contas a ouvir a entrevista no programa Camara Clara e muitos outros artigos q leio dele,sem duvida é meu mentor espiritual, numca conheci uma pessoa q transmite-se tanto afecto, amor,sinceridade como ele, tenho a certeza q aposta nos seus analisandos fazendo-os crescer e talvez curar os casos mais graves, infelizmente Coimbra de Matos só há um, não menosprezando os outros profissionais da mesma área, já li vários artigos de outros psicanalistas mas não me conseguiram transmitir a mesma segurança q Coimbra de Matos, para mim é uma pessoa q todos deviamos ter a sorte de conhecer no momento certo, pq ás x o nosso percusso de vida é nos condicionado por culpa dos conflitos interiores, sem ajuda consegui ultrapassar muitos hoje sou uma pessoa realizada profissionalmente q me fez sentir mais segura,a ter confiança mais em mim... mas fica sempre algo no nosso mais intimo q gostavamos de partilhar com a pessoa certa!! Penso q Coimbra de Matos seria o analista q talvez consegui-se fazer-me mergulhar no meu "eu" como pessoa pensante...vou continuar a ler as obras dele q de certa forma tambem ajuda-nos a crescer...e claro seguir o seu blog q tem artigos muito interessantes a psicologia fascina-me!!!
Pode crer e há estudos que o provam que ler, pensar e escrever ou outra tarefa que permita a criatividade e o auto-conhecimento, pode ser terapêutico. Acontece também comigo.
Bem haja
sem duvida Cristina, ler é terapêutico, visite esta pagina tenho a certeza q vai gostar, o testemunho de António Pinho Vargas e outros psicanalistas q revelam como a psicanalise é eficaz!
http://www.netprof.pt/netprof/servlet/getDocumento?id_versao=15770
Agradeço o texto da Netprof, ilustra bem o que estávamos a falar. Qualquer técnica não é uma panaceia para tudo, embora nos identifiquemos mais com alguma. Temos é de estar confortável com a escolha. Como tudo na vida. Já o guardei no meu arquivo.
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