Embora
sempre tenha estado na minha intenção abordar este tema, não o pretendia fazer
para já, mas a manchete do Jornal de Notícias da passada 4ª feira, criou um bom
pretexto para o compor.
A mensagem ofensiva, que faz referência à recém empossada ministra das finanças, Maria Luís Albuquerque, e à sua participou na 1ª reunião dos ministros das finanças da Zona Euro “Ministra foi mostrar o buraco”, justifica
a criação do post e cumpre com as condições da comunicação perversa.
A
COMUNICAÇÃO PERVERSA
Recusa
da comunicação direta
Havendo
pouca comunicação verbal por parte do perverso, dizer o que realmente pretende
dizer, não é sua qualidade; Nada é nomeado, tudo é subentendido, alimentando a
confusão; A comunicação faz-se apenas por observações, comentários vagos, abstratos, trocadilhos ou pequenos
toques (verbais), desestabilizadores;
Pode ofender o outro com base numa característica que lhe é própria e imutável: porque é mulher, porque é oriunda desta terra ou daquela, porque tem esta ou aquela profissão...
Quanto à recusa do diálogo, esta é uma maneira de dizer que o outro não interessa, até nem existe; Numa fase tardia da relação, na fase de destruição do outro, a comunicação pode ser direta e clara, mantendo-se sempre a intenção de o agredir e humilhar.
Pode ofender o outro com base numa característica que lhe é própria e imutável: porque é mulher, porque é oriunda desta terra ou daquela, porque tem esta ou aquela profissão...
Quanto à recusa do diálogo, esta é uma maneira de dizer que o outro não interessa, até nem existe; Numa fase tardia da relação, na fase de destruição do outro, a comunicação pode ser direta e clara, mantendo-se sempre a intenção de o agredir e humilhar.
Deformar
a linguagem
As
palavras têm duplo sentido, oculto, e não têm para o perverso qualquer
importância. Só a ofensa, interessa.
Muitas das vezes, de início, utiliza a técnica da sedução, dá a entender à vítima que é compreendida, confortada, e mais tarde, em outra ocasião, desacredita-a e desqualifica-a, pretendendo que ela se responsabilize pela falha apontada pelo perverso.
Muitas das vezes, de início, utiliza a técnica da sedução, dá a entender à vítima que é compreendida, confortada, e mais tarde, em outra ocasião, desacredita-a e desqualifica-a, pretendendo que ela se responsabilize pela falha apontada pelo perverso.
É
habitual as mensagens exprimirem-se com uma tonalidade fria, em contraste com a
violência que está escondida.
Com esta manipulação verbal, pretende-se que a
vítima não se aperceba do processo perverso em curso.
Mentir
O
perverso pode ater-se a pormenores, fingindo não estar a entender o cerne da
questão. A verdade ou mentira, pouco interessa para ele, o que importa é defender
a sua necessidade. Como se demonstra no seguinte exemplo:
“…”..à
sua mulher que o censura por ter ido oito dias para o campo com uma rapariga, o
marido responde: “Tu é que és mentirosa, por um lado não eram oito dias mas
nove, e por outro, não se trata de uma rapariga, mas sim de uma mulher.”
Manejar
o sarcasmo, o escárnio, o desprezo
“...
este desprezo e esta zombaria, dirigem-se muito particularmente contra as
mulheres. Nos casos dos perversos sexuais, há uma denegação do sexo da mulher.
Os perversos narcísicos, esses negam a mulher toda enquanto individuo. Eles têm
prazer em todas as pilhérias que põem a mulher a ridículo.
(…)
…para
ter a cabeça fora de água , o perverso tem necessidade de afundar o outro. Para
tanto, ele procede por pequenos toques desestabilizadores, de preferência em público,
a partir de uma coisa anódina, por vezes íntima, descrita com exagero, tomando
às vezes um aliado na assembleia.” Na presença da vítima quando esta está só com ele, o perverso pode ofendê-la através de uma mensagem clara, inequívoca, mais tarde, na presença de outras pessoas, diz algo que não é mais do que um modo diferente de dizer o mesmo, mas agora com um duplo sentido, o que permite enviar uma mensagem à vítima e outra às testemunhas, que a interpretam com diferentes significados.
Usar
o paradoxo
“O
discurso paradoxal é composto de uma mensagem explícita e de um subentendido,
cuja existência o agressor nega.”
“O
paradoxo vem, a maior parte das vezes, da falta de correspondência entre as
palavras que são ditas e o tom em que essas palavras são proferidas.“ Esta
falta de correspondência gera diferentes interpretações por parte das testemunhas que
assistiram à situação, o que deixa frequentemente a vítima sem suporte. Consequentemente, se ela desabafa sobre o sucedido é habitualmente não compreendida ou desacreditada.
“Estas
técnicas de destabilização, se elas podem ser utilizadas por toda a gente,
são-no de maneira sistemática pelo perverso, sem qualquer compensação ou
pretexto.”
Elaborado
com base na minha experiência pessoal, claro, e em:
Marie – France Hirigoyen Assédio, Coação e Violência no Quotidiano
Pergaminho
2 comentários:
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obrigada!
rleonor
Olá Rosa Leonor
Ogrigada por ter colocado no seu blogue um post sobre esta capa do Jornal de Notícias.
Grata
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