domingo, 31 de janeiro de 2010

Orquestra Clássica da Madeira

Foto:C.S.

Voltar à experiência primeira, de ser absoluto, sem o outro, corpo, limites e ilusões.

A Orquestra Clássica da Madeira, ontem, sob a direcção artística do Maestro Rui Massena.


domingo, 24 de janeiro de 2010

A queda

 Manto queimado de uma imagem de Arte Sacra - Foto cristina simões

"Debruçávamo-nos sobre este abismo, essa paixão que nos atraía um para o outro, tínhamos tanto medo, sabíamos tão bem que seria impossível escapar-lhe uma vez iniciada a queda, que, juntos, recuávamos um passo, e continuávamos, no entanto, a caminhar-lhe à beira, com o desejo de depressa nos precipitarmos naquela obscuridade sem limites, para nela nos perdermos, longe de todos e sobretudo de nós mesmos, daquilo que éramos até ao momento que nos fizera nascer diferentes, o do nosso encontro.”Max Gallo, O Olhar das Mulheres, Bertrand Editores.

Lindo. Mas é um engano. Quem já se apaixonou perdidamente, sabe que a queda, com o outro ou sem ele, já se verificou, “desde a origem do amor” - Roland Barthes, em Fragmentos de um Discurso Amoroso





quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A raiva

A psicologia social é das disciplinas que estuda esta emoção, a ira. Autores como Novaco, definem-na como “uma resposta emocional intensa à provocação, que tem não só componentes nervosos centrais e autónomos, mas também cognitivos”. Desta definição, podemos depreender que a gestão da ira, está dependente de muitos factores, desde os níveis de stress, até ao modo como nós interpretamos as situações e o comportamento das outras pessoas.

Sendo a ira uma emoção normal, torna-se prejudicial quando as nossas reacções (explosões emocionais – gritos, ofensas., violência física…), ferem os outros, e causam-nos alterações fisiológicas (ritmo cardíaco acelerado…), à mistura com sentimentos de culpa que fazem tanto mal.

Especialistas na ira, tais como Jerry Deffenbacher e Charles Spielberger, além de investigarem os processos que a caracterizam, construíram instrumentos de avaliação, e programas, com o objectivo de aumentar a eficácia das pessoas no controlo da própria emoção.

Há resultados interessantes dessas investigações: não parece proveitoso a constituição de grupos de apoio para troca de experiências (de explosões emocionais); não é saudável estimular o “deitar tudo cá para fora” (porque somos pessoais frontais, como muita gente se justifica). Qualquer uma destas situações, provoca o aumento dos níveis de ira. À semelhança, quando se é agressivo, dá vontade de repetir – é aditivo. O adequado, é aprender as técnicas de auto-regulação que podem começar pela auto-compreensão.

Mas, na verdade, tudo se resume na nossa capacidade de contenção, que se baseia na empatia - de sermos capazes de nos colocarmos no lugar do outro, e de o vermos como uma parte de nós.

Para nos ajudar na auto - compreensão, uma psicóloga, Lynne Namka, autora do seguinte texto:

Viver a vida sempre na defesa, não é divertido. As pessoas que são propensas à ira, têm um padrão definido de crenças, atitudes, expectativas e comportamentos. É triste, mas é verdade, quanto mais você tem as seguintes características, mais irritado você será:

1. Uma necessidade insaciável de estar certo.
2. Um profundo medo de estar errado.
3. A elevada necessidade de controlar os outros.
4. A incapacidade de dizer "não sei" e "Eu estava errado".
5. Medo de ouvir novas informações que ameaçam a sua opinião.
6. O medo de se deixar levar.
7. A necessidade neurótica de sempre ser visto como forte e poderoso.
8. Orgulho em ser sempre racional e lógico.
9. Desconfortável com expressão dos sentimentos.
10. O medo de ser vulnerável.
11. Temor e grave desconforto de ter sentimentos ruins.

A gestão da ira, como uma das competências sociais a trabalhar em contexto educativo, um livro:

Competências Sociais
Aspectos comportamentais, emocionais e de aprendizagem
João A. Lopes, Robert b. Rutherford, M. Conceição Cruz, Sarup M. Mathur, Mary M. Quinn
Edições Psiquilibrios

Tem indicações de técnicas de auto-diálogo; de estratégias de resolução de problemas; e de técnicas de relaxamento, para lidar com a ira.

O site da APA sob o assunto: ww.apa.org/topics/anger/control.aspx






terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Psicopatas - personalidade


Com:
Robert Hare - Departamento de Psicologia da Univ da Columbia Britânica (http://www.hare.org/)
Noam Chomsky
Peter Drucker
Milton Friedman

A tese de mestrado de Carla Lobo -  A P-Scan de Robert Hare na avaliação da Psicopatia, Estudo exploratório numa amostra de reclusos portugueses, pela Universidade do Minho -, que ajuda a compreender este transtorno, e a conhecer o famoso instrumento de avaliação da psicopatia criado pelo Dr Robert Hare - A P-Scan, aqui. 

sábado, 16 de janeiro de 2010

O poder do desejo




“Diz-me como posso gostar deste indivíduo!”

A expressão pareceu-me de início, feliz – a pretender revelar um sentimento descuidado. Mas desnecessária. Aos amigos íntimos não devemos mentir.

E, sigo com o meu lamento “Alguma coisa correu mal na minha infância, uma falha qualquer (Mas fatal. Somos sempre trágicos no amor) ”.

A pensar que ele esperava a partilha de uma vivência mais íntima, procuro recordar-me do acontecimento traumático, no espaço vazio das minhas lembranças.

Quando ele diz: “Isso não é defeito. É excesso.”

Como excesso ???? Percorri a psicopatologia toda. Só podia situar o meu caso num transtorno de natureza delirante.

Sim. Excesso. Lê a Teoria do Corpo Amoroso do filósofo Michel Onfray.”

Li. E, percebi o meu erro “ a metafísica do buraco” de Platão – o amor, como vazio a ocupar, como carência - estava a me encher de culpa.

Percebi outros lugares comuns (expressão de Michel Onfray) onde caímos, que são fonte de infelicidade para quem não se revê neles: o casal como forma de conseguir a plenitude; a oposição dualista, moralista, entre os dois tipos de amor (segundo a lógica platónica, “tudo o que liga o individuo à carne, merece ser condenado, enquanto que o único desejo meritório exige a união da alma com o Bem”).

Algumas frases retiradas do livro:

“ A minha proposta, seriamente instalada em terrenos antigos, em guerra contra o modelo ético dominante, estabelece laços directos com o projecto de todas as escolas filosóficas helenísticas: o de tornar possível a vida filosófica. E para fazê-lo, quer decididamente o fim da vida amputada, fragmentada, explodida, dispersa, tal como é fabricada pela nossa civilização alienante que tem como referências o dinheiro, a produção, o trabalho, o domínio. A filosofia pode contribuir para esse projecto radical. Melhor ainda: ela deve fazê-lo.”

“ Ela (a filosofia) teria tudo a ganhar em tornar-se claramente a disciplina das soluções, das respostas e das propostas”.

“ O desejo persistente mostra aos homens que devem submeter-se a um destino mais forte do que eles”.

Teoria do Corpo Amoroso
Michel Onfray (filósofo)
Temas e debates






quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A depressão


Perante o mistério insondável da vida, que consigamos aceitar a diferença entre as nossas capacidades e fraquezas, e o ideal sonhado mas não atingido, sem sentirmos amargura por isso.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O eu verdadeiro


Tracy Chevalier inspirou-se no quadro do pintor Vermeer – Rapariga com Brinco de Pérola – para escrever um romance com o mesmo título, onde retrata esta cena, entre Vermeer e a criada, passada em 1664:
“Voltei-me, ainda com as mãos no cabelo. Ele encontrava-se no limiar da porta, a olhar para mim.
Baixei as mãos. O cabelo caiu-me em ondas sobre os ombros, castanho como os campos no Outono. Nunca ninguém o via a não ser eu.

- O teu cabelo – disse ele.

Já não estava zangado.
Por fim desviou os olhos de mim.

Agora que ele vira o meu cabelo, agora que me vira revelada, já não sentia que tinha uma coisa preciosa a esconder e a guardar só para mim. Podia ser mais livre, se não com ele, pelo menos com outras pessoas. Já não importava o que fazia ou deixava de fazer.”

Quando confiamos que não há mais necessidade de nos defendermos, de nos escondermos.

Quando acreditamos que há alternativa à imagem ideal que criamos, sem que isso nos coloque em risco.

Recupera-se a capacidade de aceitação de nós próprios, e das nossas fragilidades.

Uma existência verdadeira torna-se possível.





Agressividades - micromachismos


Os Micromachismos

Luis Bonino psiquiatra, psicoterapeuta, especialista em homens e na masculinidade e relações de género, com mais de 30 anos de experiência nestas matérias, refere, em artigos científicos, que os homens, em termos de comportamentos face às mulheres, situam-se num contínuo. Num extremo desse contínuo, estão os homens que exibem comportamentos violentos, dominadores e de desigualdade em relação às mulheres, e no outro extremo, estão os homens que exibem comportamentos pacíficos, respeitadores e igualitários.

De seguida, apresenta-se um texto adaptado de um artigo que Luis Bonino publicou em 2004 – “Os Micromachismos ”:

Para além da violência, há comportamentos de controlo, de domínio de “baixa intensidade”, invisíveis, que os homens executam em relação às mulheres, com ou sem consciência dos mesmos, e que são um obstáculo à igualdade de género. São denominados micromachismos, que Luis Bonino classifica em 4 categorias (utilitários; encobertos; de crise e coercivos):

- Os utilitários
São comportamentos que, aproveitando-se dos diversos aspectos “domésticos e cuidadores” do papel tradicional feminino, pretendem servir-se dessa disponibilidade. Estes comportamentos, exibem-se especialmente no âmbito das actividades domésticas. São exemplos: não ajudar a mulher em relação à casa; ao cuidado dos filhos, entre outros

- Os encobertos
São comportamentos que abusam da confiança e incredibilidade feminina, ocultando o seu objectivo. São de índole insidiosa, subtil e são muito eficazes. São exemplo deste tipo de comportamentos: criar falta de intimidade; silêncios; mau-humor, manipulações; comunicação ofensiva e comunicação defensiva; paternalismos; entre outros.

- Os de crise
São comportamentos que forçam a manutenção do poder (desigual) quando este se desequilibra, seja por aumento de poder pessoal da mulher, e diminuição do poder do homem, ocasionado por desemprego, incapacidade do homem, etc. Estes comportamentos por parte dos homens, têm por objectivo evitar alterações do status quo, e pretendem reter ou recuperar o poder. São exemplos: o hipercontrolo; a resistência passiva; o refugiar-se na crítica; o vitimizar-se, etc.

- Os coercivos
São os que servem para reter poder, através da utilização da força psicológica ou da moral masculina. Nestes, o homem usa a força (física, moral, psíquica e económica, ou de personalidade), de um modo directo, para tentar dominar a mulher; limitar a sua liberdade, explorar o seu pensamento, seu tempo, seu espaço, suas energias vitais e restringir a capacidade de decisão. As restrições à comunicação; o uso abusivo do espaço, do tempo, para atingir proveito próprio; o apelo à lógica da superioridade masculina, são exemplos destes comportamentos.

Os comportamentos (são 50 os “truques” identificados por Luis Bonino, que os homens utilizam para dominarem as mulheres), incluídos nestas 4 categorias. Pretendem restringir  a liberdade de acção e decisão  feminina.

Efeitos dos micromachismos na mulher
O seu efeito deriva do uso combinado e reiterado, e tendem se assim for, a gerar um clima “tóxico” que afecta o bem-estar da mulher, se ela não descobre (Bonino diz que há mulheres que levam anos a perceber o que se passa), e se não reage eficazmente.

Podem afectar a mulher de diversos modos, tais como:

- O esgotamento das reservas vitais e emocionais;

- A inibição do poder pessoal;

- A inibição da lucidez mental;

- A auto-estima.

A página pessoal de Luis Bonino, onde se encontram disponíveis artigos sobre a masculinidade:


Luís Bonino define a masculinidade, como um formato de narrativa de género, através do qual, as sociedades regulam como devem ser os homens, para serem dignos desse nome.

Radioclip Micromachismos:

http://www.radialistas.net/audios/AUDIO-1700051.mp3





terça-feira, 5 de janeiro de 2010

As escolhas


“ O essencial é invisível para os olhos – disse a raposa” em O Principezinho de Antoine de Saint – Exupéry
O cerne do sentimento humano é invisível para os olhos, e escapa-nos sempre, como escreveu Paulo Auster em “A invenção da solidão”.

O essencial é o nosso comportamento, que resulta da nossa visão do mundo e determina o tipo de escolhas que fazemos.

Água Salgada (Porto Moniz)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Os nossos direitos



Frank Sinatra em “My Way”, para ilustrar o tema que escolhi para hoje: os nossos direitos.

O psicólogo Eduardo Sá escreve no seu livro “Chega-te a mim e deixa-te estar”, que crescer é olharmos por nós (a capacidade de defendermos os nossos direitos, julgo eu). Concordo. Mas crescer é também aprender a tolerar o outro. E, não são condições que se excluam mutuamente - podem encerrar o risco de renascermos, aquando de um verdadeiro encontro com o outro.

Talvez seja isso a vida, um contínuo numa linha - às vezes mais longe ou mais próximo do outro, e mais longe ou mais próximo da capacidade de cuidarmos de nós.

No inicio do novo ano, julgo que será uma boa ideia desejarmos para nós próprios, que nos possamos suportar até ao fim da vida, tal como dizia uma personagem do filme “Os piratas das Caraíbas”.


Os direitos humanos:

• Decidir como conduzir a sua vida. Isto inclui perseguir os seus sonhos ou objectivos e estabelecer as suas prioridades.

• Ter os seus próprios valores, opiniões e emoções, e respeitar-se a si próprio por tê-las, independentemente da opinião dos outros.

• Não justificar ou explicar as suas acções ou sentimentos a outras pessoas.

• Dizer aos outros como deverão tratá-lo.

• Se exprimir e dizer “Não”, “Não sei”, “Não compreendo” ou “Não me interessa”. Tem o direito de levar o tempo que necessitar para formular as suas ideias antes de as exprimir.

• Pedir informações ou ajuda, sem sentimentos negativos relativos às suas necessidades.

• Mudar de opinião, de errar e de agir de maneira ilógica, por vezes, com completa aceitação e compreensão das consequências.

• Gostar de si próprio, mesmo que não seja perfeito (a), e que por vezes faça menos, do que aquilo que é capaz de fazer.

• Ter relações positivas e satisfatórias com quem se sente confortável e livre para exprimir-se honestamente, e o direito de mudar e acabar relações se elas não servem as suas necessidades.

• Mudar, aumentar ou desenvolver a sua vida de qualquer maneira à sua escolha.

Direitos foram extraídos do Manual do formando “Ser Teletrabalhador”, Gabriela Paleta, 2004.