sábado, 2 de abril de 2011

A amante

Jack Vettriano, Ship of Dreams


É o caso de “recolher muitos ovos em cestas diferentes”; diminui o perigo de frustração e insucesso, e o risco da voracidade ou da crueldade de cada um vir a desgastar ou a destruir a coisa boa a que se tem apreço ou a pessoa amada …”.
Melanie Klein e Joan Riviere, Amor Ódio e Reparação, Imago Editora

O que podem ter em comum aquelas pessoas que têm uma vida social intensa, e as pessoas que conservam uma amante ou um amante durante tempos e tempos, sem vontade de definir a situação?
Estes dois tipos de pessoas, as populares e as infiéis, se podemos assim as chamar, têm em comum inúmeras estratégias relacionais que permitem manter a fantasia que podem ter tudo o que desejam, sem que, ao desagradar, destruam quem têm apreço ou quem amam.
Ao não se entregarem a ninguém totalmente, salvaguardam ainda, a necessidade de perante si próprias, se julgarem boas pessoas, porque, ao colocarem os ovos em cestas diferentes, os estragos serão menores para si e para os outros.
Com este funcionamento, também tiram o benefício de, se alguma pessoa lhes faltar, poderem procurar consolo em outra.
Poderá esta explicação, contribuir para justificar a utilidade de um amante ou de uma amante, na vida de um homem ou de uma mulher.



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