“Por que será que só queremos perseguir aquelas que fogem?” interroga-se o Visconde de Valmont no filme Ligações Perigosas.
“É a mesma relação que ocorre entre o caçador e a sua presa, na qual essa é um objecto da actividade narcisista, surgindo o prazer pelo facto de que na actividade da caça pode se representar como astuto e hábil”
Hugo Bleichmar, O Narcisismo, Artes Médicas
Para o Visconde de Valmont, a excitação de perseguir uma dama que não se deixa facilmente conquistar, arrebata-o do vazio dos dias e satisfaz o seu amor-próprio. A sua ideia de poder sobre o outro. E assim, como todos os D. Juans, o Visconde apaixona-se perdidamente por uma e outra, sem nunca se deixar possuir.
É um artifício de sobrevivência que permite prolongar a esperança de encontrar a satisfação na próxima actividade de caça. Na verdade, é um amor por ele próprio. Se a dama se entrega, deixa de interessar.
Perseguir aquela que foge, também lhe permite situar a causa do desprazer em algo externo, fora da consciência - a dama afinal, era uma desilusão - conclui.
Não tendo acesso à real causa da sua insatisfação, o Visconde de Valmont parece não compreender o vazio que sente após satisfeita a conquista.
Urge começar tudo de novo: perseguir uma outra que foge.
Não tendo acesso à real causa da sua insatisfação, o Visconde de Valmont parece não compreender o vazio que sente após satisfeita a conquista.
Urge começar tudo de novo: perseguir uma outra que foge.
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