quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Gabriela Moita


Henri Matisse Le bonheur de vivre

Realizou-se ontem no Porto uma sessão com o título "Sexualidade: tudo o que querias saber mas não ousavas perguntar", organizada pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em que estiveram presentes 300 jovens, dos 13 aos 18 anos.
Três especialistas em psiquiatria e sexologia - Margarida Braga, Gabriela Moita e Manuel Esteves -, moderados pelo psiquiatra Rui Mota Cardoso esclareceram as duvidas dos jovens.
São perguntas colocadas por “miúdos”, mas têm o seu interesse.
De acordo com o artigo de Alexandra Campos publicado no Jornal Publico de hoje, aqui estão as perguntas e respostas da Psicóloga Gabriela Moita (http://gabrielamoita.no.sapo.pt/).

As mulheres gostam mais da penetração de homens de raça branca ou negra?
Gabriela Moita: Esta pergunta contém muitas perguntas. Vou dividi-las: As mulheres gostam mais de penetração? Desde logo, [a penetração], para muitas mulheres, não é o que dá mais prazer. O centro do prazer da mulher não é propriamente a vagina. Mas o que esta pergunta esconde é o medo de que o pénis não tenha o tamanho suficiente. A cor não é importante. E o tamanho também não tem importância. A zona mais sensível [da mulher] tem seis centímetros e o terço externo da vagina tem dois. Alguém pensa que um pénis tem menos de dois centímetros? [Risos]. O prazer está mais associado a todo o encontro erótico.

Como localizar e como estimular o ponto G?
Gabriela Moita: Dentro da sexologia não há acordo [sobre o ponto G]. Alguns estudos apontam para a possibilidade de um ponto que possa dar mais prazer, mas isto não é consensual. O grande drama é quando, em vez de procurar o prazer, se começa a procurar o ponto G ["ponham binóculos", sugere um rapaz na assistência].

A masturbação é saudável?
Gabriela Moita: Se a resposta fosse sim, isso significaria que teríamos que pôr todas as pessoas a masturbar-se. A resposta é: não faz mal à saúde. Não faz mal e tem a vantagem de servir como fantasia para preparação do primeiro encontro sexual.

Como é que gosto desta pessoa que me faz tanto mal?
Gabriela Moita: A ideia de que o amor é a coisa mais bonita e tudo cura é das mais erradas. É grave dizer: "É uma pessoa tão excecional que se consegue manter naquela relação." Há pressões sociais e ideias feitas que nos impedem de tomar decisões. Felizmente, vivemos numa época em que não há nada que deva ser para toda a vida.

E se o preservativo romper?
Gabriela Moita: Podem dirigir-se a um centro de apoio a adolescentes ou a centros de saúde onde provavelmente vão receitar a pílula do dia seguinte. Em último caso, vão buscar à farmácia [sem receita].

O que é o sexo tântrico?
Gabriela Moita: Não sei explicar. Tem a ver com timings, capacidade de sentir, diminuição da ansiedade e possibilidade de elevar o prazer ao máximo com o esforço mínimo. É um jogo de encontro com o outro que leva horas.

É verdade que há uma doença da mulher dos 200 orgasmos?
Gabriela Moita: No século XIX, a mulher doente era aquela que tinha um orgasmo. Um especialista nessa altura até escreveu: "Existem algumas mulheres que podem ter prazer sexual e não são ninfomaníacas". São as épocas que vão definindo o que está certo ou não. Digamos que ter 200 orgasmos será para alguém que tem sorte e tempo...

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