Jean Auguste Dominique Ingres Édipo e a Esfinge
"O mito de Édipo tem a sua pré-história na condição, também ela mítica, de seu pai, Laio.
Laio, rei de Tebas, era bissexual e abusara de um adolescente. Porém, nestes tempos recuados, a homossexualidade, privilégio dos deuses do Olimpo, era proibida aos humanos. Então o Oráculo avisa Laio que o castigo divino viria quando tivesse um filho: este matá - lo -ia e casava-se com a mãe, mulher de Laio, Jocasta.
Quando nasce Édipo, Laio com a cumplicidade de Jocasta, manda expor o filho à morte por abandono nos montes Citeron, com os pés atados para não fugir. Édipo é salvo por um pastor e entregue aos reis de Corinto que, não tendo filhos, o adoptam.
Em adulto, embora desconhecendo a história precoce e os pais biológicos – à revelia do consciente amor filial que lhes devotava, em leitura psicanalítica clássica -, vinga-se à mesma, matando Laio e casando com Jocasta.
É este o destino do pai tirano – a morte afectiva na mente do filho (pela rejeição) – e pela infelicidade do tiranizado – a doença mental (pela tortura da culpa que lhe foi induzida). É a história do objecto patogénico e do sujeito patológico; da relação patológica e patogénica, disfuncional, doente e doentia, mórbida e morbígena – que produz e semeia doença. É a história do complexo de Édipo da neurose, da perseguição psicótica e da culpabilidade depressiva."
António Coimbra de Matos Relação de Qualidade penso em ti Climepsi Editores
Sem comentários:
Enviar um comentário