quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A decisão de preferir outra pessoa

Jack Vettriano A Carta


“ A decisão de preferir outra pessoa é mais mutiladora do que um luto porque é uma decisão que rejeita voluntariamente o parceiro. "
Marie - France Hirigoyen Assédio, Coação e Violência no Quotidiano Pergaminho
Não necessariamente mais dolorosa, esta situação, em relação a certos processos de luto, mas mais desestabilizadora, porque preferir outra pessoa coloca em causa o valor próprio do preterido, e na sua mente, a dúvida sobre a verdade do funcionamento relacional vivido até aí.
Pode aproximar-se de uma sensação de perda do sentimento de identidade, com o consequente manejo mais saudável ou menos saudável, da condição. Leva mais partes de nós.
Por habitualmente não ser considerado um luto, o desamparo social é maior. E, maior será se quem foi rejeitado passar a enfrentar dificuldades habitacionais, financeiras, em suma, de sobrevivência. Podem ser várias as perdas possíveis.
Também não há como assumir a dor. Seria impróprio o contínuo lamento, se o outro está por aí, bem vivo e dá provas de nova vida. O que pode tornar a resolução do sofrimento mais difícil, porque as notícias e as imagens desses acontecimentos, são pernanentemente revividas.
 A decisão de preferir outra pessoa pode ser mais mutiladora do que um luto. Para que conste.

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