Sophia Loren em "Ontem, Hoje e Amanhã".
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
O que melhor nos engana revela aquilo que mais se deseja
Honthorst, Gerrit Von
Não vale a pena nos perguntarmos “onde eu estava antes para me ter deixado cair no logro?”.
Se nos deixamos iludir, é
porque estávamos sedentos do que ele representava.
in Boris Cyrulnik O sexto sentido
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
O mapa
Vitor Brauner Prelude to a civilization 1954
“Do mesmo modo, pensa-se que um individuo constrói um
modelo operacional de si mesmo, em relação a quem os outros responderão de
certas formas previsíveis. O conceito de modelo operacional do eu compreende
dados que são atualmente concebidos em termos de autoimagem, autoestima, etc.
Em que medida tais modelos operacionais são produtos válidos da experiência real de uma criança ao longo dos anos, ou são versões distorcidas de tal experiência, é uma questão se suma importância. Os trabalhos de psiquiatria da família dos últimos 25 anos apresentaram numerosos dados sugerindo que a forma que o modelo adota é, de fato, fortemente determinada pelas experiências reais de uma criança durante a infância, muito mais do que se suponha antes. Este é um campo de interesse vital e requer, urgentemente, uma investigação especializada. Um problema clínico e de pesquisa consiste em que os indivíduos perturbados frequentemente parecem manter dentro deles mais de um modelo operacional tanto do mundo como do eu-no-mundo. Além disso, tais modelos múltiplos são frequentemente incompatíveis entre si e podem ser mais ou menos inconscientes “.
Em que medida tais modelos operacionais são produtos válidos da experiência real de uma criança ao longo dos anos, ou são versões distorcidas de tal experiência, é uma questão se suma importância. Os trabalhos de psiquiatria da família dos últimos 25 anos apresentaram numerosos dados sugerindo que a forma que o modelo adota é, de fato, fortemente determinada pelas experiências reais de uma criança durante a infância, muito mais do que se suponha antes. Este é um campo de interesse vital e requer, urgentemente, uma investigação especializada. Um problema clínico e de pesquisa consiste em que os indivíduos perturbados frequentemente parecem manter dentro deles mais de um modelo operacional tanto do mundo como do eu-no-mundo. Além disso, tais modelos múltiplos são frequentemente incompatíveis entre si e podem ser mais ou menos inconscientes “.
John Bowlby Formação e rompimento dos laços afetivos Martins Fontes
O mapa (mental) ou o modelo operacional tanto do mundo como do eu-no-mundo: a possibilidade de criar uma percepção emocional clara de si e do seu mundo, em conjunto com um código de acção.
Nem todos o conseguem. Para estes, os indivíduos perturbados (nas palavras de John Bowlby), os carenciados precoces, dispersos, o mundo apresenta-se incoerente e tudo agride.
Nem todos o conseguem. Para estes, os indivíduos perturbados (nas palavras de John Bowlby), os carenciados precoces, dispersos, o mundo apresenta-se incoerente e tudo agride.
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
Primeira sessão de análise, Gérard Miller
Uma psicanálise torna-nos por isto menos sós e mais geradores de significados.
domingo, 4 de dezembro de 2016
domingo, 13 de novembro de 2016
Atração Fatal
René Magritte
Ou "O narcisista e os seus parceiros #2"
Vejo com surpresa o sucesso do post O narcisista e seus parceiros #1, pelo número de visualizações, embora possa admitir que não é por ser lido que é apreciado, adquire significado para quem o leu e ajude a ampliar a consciência.
Vejo com surpresa o sucesso do post O narcisista e seus parceiros #1, pelo número de visualizações, embora possa admitir que não é por ser lido que é apreciado, adquire significado para quem o leu e ajude a ampliar a consciência.
Com
a intenção de clarificar o mesmo tema, e porque hoje faz-me mais sentido
considerar que nas relações dos narcísicos com os seus parceiros, as
destrutivas, as que se prolongam no tempo “até que a morte nos separe”, a "vítima" idealiza o outro não tendo representação do seu mundo, vivendo sem perceção
emocional do que está a acontecer e consequentemente, perdendo o poder de
decisão.
Acredito
que vários arranjos de ligações são possíveis, mas a fatalidade para os
indivíduos que não imaginam o mundo dos outros, será se apaixonarem por um
parceiro para quem não existam psicologicamente, que seja um abusador, que lhes provoque
alterações importantes na personalidade, invada tudo e arruíne a vida - como aquelas pessoas têm uma frágil estrutura, tendem a se apaixonar por quem tem estruturas psicopáticas.
Os
sobreviventes de tipo de relações conseguiram travar a tempo este processo, e conservarar um abrigo emocional suficientemente saudável para transformar a sua
história pessoal numa narrativa significativa. Sentem que não se definem
pela sua adversidade.
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
Ilha da Madeira - O Véu da Noiva
Situated on the old road which connects Seixal to São Vicente, you can see the Véu da Noiva Waterfall, which resembles a bride's veil, due to its height and the torrents of water that gush down the hillside.
From this location there is also a pleasant view of the Atlantic and the slopes of the northern coast of Madeira.
From this location there is also a pleasant view of the Atlantic and the slopes of the northern coast of Madeira.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Entrevista a Elisabeth Roudinesco
Durante sua passagem pelo Brasil à convite do Fronteiras do Pensamento, Elisabeth Roudinesco lançou o livro "Sigmund Freud na sua época e em nosso tempo", e concedeu entrevista ao programa Diálogos com Mario Sergio Conti, da Globonews.
sábado, 24 de setembro de 2016
O eu grandioso
Dancing Dwatf, Plolemaic Period
Um jornalista português
referiu-se aos Jogos Paralímpicos como um espetáculo “grotesco” e “um número de
circo”.
Sem pretender fazer
pseudoanálises do autor de comentários tão infelizes e exibicionistas, supondo
que a intenção é a desvalorização dos atletas paralímpicos como seres
imperfeitos ou incompletos, aquelas afirmações podem ser contudo uteis, para
ilustrar uma característica da organização narcisista omnipotente que “é contra
a perceção da necessidade ou do sofrimento e reclama a eliminação dos fracos” a
começar pelo próprio. (DeMasi citado por Cristina Fabião*)
“A começar pelo próprio”
significa que o eu grandioso é sobretudo intolerante às suas próprias emoções e
fragilidades, considerando-as uma fraqueza, como se estas fossem por em causa a
sua tentativa desesperada de ser perfeito. O que explica a incapacidade de
compreender o valor e o sentido benéfico da pessoa se superar e de alargar deste modo, o
espaço das suas limitações.
É como se rejeitasse através
do outro, a sua natural imperfeição humana e com ela a autoaceitação e o crescimento
interior.
*Narciismo, defesas primitivas e separação
*Narciismo, defesas primitivas e separação
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
Paradoxo “ O narcisista desconhece sobretudo quem ele é”
René Magritte The Human condition
“
O narcisista desconhece sobretudo quem ele é”
Cristina Fabião Narcisismo, defesas primitivas e separação Climepsi
Exibicionistas com manias de
grandezas ou tímidos e inibidos, mas igualmente insatisfeitos, que sempre
querem o melhor e dificilmente se contentam, intransigentes e reivindicativos
acerca do comportamento dos outros, irónica e paradoxalmente, não sabem quem
são.
Para o narcisista alcançar a
autoconsciência teria de admitir que, por exemplo, o outro pode ser mais amado
e admirado do que ele, ou que, a inocência da infância terminou.
Uma lição de vida para as suas vítimas que tentam desesperadamente lhes agradar.
A perspectiva deve ser
então, a inversa. Não são os outros que não são suficientemente capazes e bons,
as personalidades narcísicas por não terem consciência de si, não possuírem um
conceito integrado do eu (confusão entre pensamentos e
sentimentos, entre outras alterações), nem dos mecanismos que utilizam para
proteger o seu narcisismo, não reconhecem adequadamente as emoções e
sentimentos dos outros, pelo que, não lhes dão o devido valor.
Assim sendo, os narcísicos
não podem ter capacidades adequadas de empatia pelas pessoas (no mínimo, imaginar
o seu mundo), fazer delas uma avaliação apropriada e investir emocionalmente
nas relações - o Outro é sempre o objecto redescoberto.
A fonte do (algum)
conhecimento que têm de si próprio, faz-se através do efeito que causam (ou
julgam causar) nos outros. Essas impressões, tanto servem para alimentar o
ego grandioso como, ao não lhes parecerem favoráveis, podem contribuir para a
baixa auto-estima e para o desânimo. Por isto, o narcísico está dependente
deste jogo de espelhos, e sem ele, sente-se vazio e nada.
Só se reconhece e se dá valor, ao que a estrutura de personalidade permite, ou seja, só se dá o que se tem, como dizia Oscar Wilde "Cada um dá o que tem no coração, e cada um recebe com o coração que tem."
segunda-feira, 15 de agosto de 2016
LISBOA
Embarque nesta aventura sobre a Cidade de Lisboa, a Praça do Comércio, Castelo de São Jorge e sobre o imponente navio de Cruzeiros Sea Viking.
Fotos e vídeos aéreos de Portugal:
sábado, 9 de julho de 2016
Vinculação: um amor tranquilo
Imagem do filme "O belo António"
“Este amor tão verdadeiro, tão
profundo pode nada ter de erótico. Acontece ao homem amar profundamente uma
mulher que lhe é indispensável, mas pela qual não sente qualquer desejo erótico…é
capaz de fazer amor com todas as mulheres do mundo exceto com a sua. “
Francesco Alberoni O
Erotismo
Com base nas minhas leituras
dos clássicos, este laço afetivo com a mulher com quem não se tem relações
sexuais, ou melhor dizendo, por quem não se tem desejo erótico, é a vinculação*, entendida por certos autores psicanalistas, Mary Ainsworth
e outros, como sendo uma forma de amor em que os parceiros tendem a manter-se
próximos um do outro, não por dependência, mas para satisfação de funções de apego,
embora desprovidas das emoções da paixão.
A sua característica essencial,
nas palavras de um outro autor, J. Bowlby, refere-se à escolha do parceiro. Na vinculação, a escolha não é feita ao acaso. Se a ligação perdura, e tende para a durabilidade, aquele/a parceiro/a é o
preferido para satisfazer certas necessidades.
A minha vontade em escrever,
neste momento, acerca deste tema, é naturalmente por considerar profícuo entendermos que o amor pode ser considerado um espetro, como um
arco iris, que vai do êxtase amoroso até à vinculação tranquila, o que ajuda,
penso eu, a compreendermos que se pode estar muito apaixonado por alguém fora
do casal legal, mas permanecer-se ligado, e não dependente, do parceiro legitimo.
* A ideia é defendida por Boris Cyrulnik em Sob o signo do afecto
* A ideia é defendida por Boris Cyrulnik em Sob o signo do afecto
terça-feira, 21 de junho de 2016
Atlas das Emoções
ABOUT THIS ATLAS
This Atlas was created to increase understanding of how emotions influence our lives, giving us choice, (at least some of the time) about which emotion we are experiencing, and how our emotions influence what we say and do. While emotions are central to our lives – providing the joy, alerting us to threats, a force for change, a warning against what is toxic, and calling to others for help – we don’t choose what to feel or when to feel it. The Atlas of Emotions was created to give us more awareness of our emotions, and sometimes even some choice about what we are feeling, through better understanding of how emotions work.
sábado, 21 de maio de 2016
Pessoas difíceis
Henry Fuseli, O pesadelo
“…nos indivíduos neuróticos, por exemplo, muitas vezes não se sabe se estamos diante de uma atitude consciente ou inconsciente, uma vez que devido à dissociação de personalidade, ora aparece uma metade, ora outra, confundindo o nosso julgamento. Por essa razão é tão difícil conviver com pessoas neuróticas.”
C.G. Jung Estudos sobre
a psicologia analítica
Acho muito relevante considerarmos que as pessoas difíceis são aquelas que não se dão conta que os
seus pensamentos e sentimentos face a acontecimentos passados, são revividos no
presente, de um modo mágico e animista, desenquadrados do contexto “… (estas
atitudes inconscientes) são de outro universo e funcionam de acordo com uma outra
lógica. É como se existisse dentro de nós um teatro, no qual vai decorrendo uma
peça onde entram e saem personagens bizarras, que se relacionam entre si, de
uma maneira diferente daquela que estamos habituados ou que conhecemos
conscientemente” (Frederico Pereira), que na relação com um interlocutor na vida real, podem, ao ser despertadas, desumanizá-lo e agredi-lo.
Estas personagens
coabitam no mesmo individuo, com outras, racionais e lógicas, sem que ele consiga através destas, tomar consciência do seu interior psíquico - dissociação de personalidade - e, dominar os seus "demónios."
domingo, 15 de maio de 2016
sexta-feira, 6 de maio de 2016
Freud: "Esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na busca do prazer"
Joaquín Sorolla y Bastida, The Bath, Jávea, 1905
Assinala-se hoje o 160º aniversário de Sigmund Freud.
Procurar na vida "não estar mal" que é diferente do "querer estar bem":
"Privamo-nos
para mantermos a nossa integridade, poupamos a nossa saúde, a nossa capacidade
de gozar a vida, as nossas emoções, guardamo-nos para alguma coisa sem sequer
sabermos o que essa coisa é. E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas
pulsões naturais é que faz de nós seres tão refinados. Porque é que não nos
embriagamos? Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem
nascer um desprazer mais importante que o prazer da embriaguez. Porque é que
não nos apaixonamos todos os meses de novo? Porque, por altura de cada
separação, uma parte dos nossos corações fica desfeita. Assim, esforçamo-nos
mais por evitar o sofrimento do que na busca do prazer."
Sigmund
Freud, in 'Correspondência (1883)
terça-feira, 19 de abril de 2016
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
O narcisista e os seus parceiros #1
Pretendo deixar-vos algumas considerações sobre as relações íntimas, em que um elemento do casal ou os dois, apresentam um Transtorno Narcisista de Personalidade (TNP).
Outra ideia a salientar é que a dinâmica da relação irá depender da gravidade da perturbação.
Na fase de enamoramento ou da paixão, os indivíduos com esta perturbação não costumam demonstrar as características narcísicas. Pelo contrário, manifestam atitudes que fazem o outro acreditar que é interessante e mais do que isso, especial. Os sinais de alarme podem ser inexistentes. Muito mais tarde, após muitos meses, um ano ou dois, começam a surgir as dificuldades na relação. Pode-se ser até surpreendido com o primeiro ataque de fúria, exagerada, face ao que a despoletou.
A falta de empatia para com as necessidades e interesses do outro, e sobretudo, a necessidade de salvar a face (o seu narcisismo) em detrimento de um encontro amoroso e protector, evidenciam-se.
A falta de empatia para com as necessidades e interesses do outro, e sobretudo, a necessidade de salvar a face (o seu narcisismo) em detrimento de um encontro amoroso e protector, evidenciam-se.
Mas estas dinâmicas não são fáceis de interpretar, porque o indivíduo com este transtorno, pode alternar comportamentos de prepotência e arrogância com desprezo pelos sentimentos do outro, até ao absoluto sentimento de dependência e necessidade de amparo. Esta necessidade, que não é assumida, pode manifestar-se de modo pouco evidente, misturada com agressividade, sem que se perceba qual a queixa.
Porém, o que parece ser a vontade de ser apoiado ou ter companhia, não invalida que o outro não seja maltratado, por vezes, com prazer. Maltratado de diversos modos, por não ser levado em conta, por não ser valorizado pela pessoa que é... A inveja, outra das características da perturbação narcísica desempenha também um papel na dinâmica da relação. O controle e o domínio, também.
Muitos casamentos terminam no inicio das dificuldades. Nos que se mantêm, qual o perfil da mulher ou do marido que suporta este tipo de relação?
Concordo em absoluto com o psicanalista Mário Quilici, num texto que deu o título a este post, que considera que quando o marido sofre de TNP (Transtorno Narcisista de Personalidade), é frequente o caso da mulher sofrer de Transtorno de Personalidade Dependente (TPD), e vice versa. Estas personalidades são descritas por este autor nos seguintes termos: “Elas (TPD) são carentes, precisam de muita ajuda e são submissas. Elas têm muito medo do abandono e, assim, agarram-se ao parceiro tenazmente. Seu comportamento geralmente é imaturo mas isso as ajuda a manter o relacionamento com os seus parceiros ou esposos de quem dependem. Não importa qual o tipo de abuso que os seus parceiros possam infringir, ainda assim, elas permanecem no relacionamento.” Retiram, naturalmente, gratificações pessoais desta condição.
Atrevo-me a dizer: os dois vivem um "delírio" - a negação da necessidade de amar e ser amado.
Atrevo-me a dizer: os dois vivem um "delírio" - a negação da necessidade de amar e ser amado.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
O estilo relacional e de comunicação dos obsessivos
Vincenzo Vela
“Como se
sabe, a neurose obsessiva, com seus escrúpulos e obsessões de cunho cerimonial,
não tem só a aparência de um problema moral; interiormente é cheia de
desumanidade, criminalidade e maldade implacável, contra cuja integração a
personalidade resiste desesperadamente; de resto esta ultima pode ser bem suave
e organizada. O motivo pelo qual tantos atos devem ser realizados de um modo
cerimonial e “correto” é a suposição que representam o contrapeso diante do mal
que ameaça por dentro. “
Jung
Estudos sobre a psicologia analítica
A
parcimónia e todas as atitudes cerimoniosas da neurose obsessiva não são só
manifestações de hipermoralidade, são também um trabalho defensivo (formação
reativa), a fim de transformar no seu contrário, comportamentos e sentimentos sádicos e cruéis, dirigidos a si próprio, ao ambiente e ao outro.
Contudo,
a consciência da realidade mantêm-se, a par de um eu dividido com uma outra parcela relacional e lógica (bem suave e organizada), o que acarreta sofrimento e culpabilidade para o próprio, por terem noção do quanto o seu comportamento é inadequado e não conseguirem controlá-lo.
Mas, o que me interessa aqui é apresentar um breve apontamento sobre o estilo de comunicação dos obsessivos - o estilo relacional é de cariz sadomasoquista, ambivalente.
De acordo com Boris Cyrulnik, em O nascimento do sentido, falam com abundância (hiperinvestimento do pensamento em detrimento do agir), e ao ouvi-los, vamo-nos apercebendo que fazem rodeios e não conseguem dizer o que está em causa. Mantêm um olhar fixo em nós, sem manifestação das pequenas expressões que nos fazem confiar que nos levam em conta. Se param para respirar, e aproveitamos para os levar a se focarem no cerne da questão e no nosso ponto de vista, sobem o tom de voz para o impedir - controlo tirânico e ditatorial, rígido e inflexível, que pode levar à agressividade verbal.
Se temos dificuldade em identificar as características fundamentais da estrutura, pensemos nas atitudes de preocupação excessiva pela organização, perfeccionismo e controle interpessoal, inúteis, que bem dificultam não só a nossa vida privada, mas também, por exemplo, nos balcões de atendimento ao público, nas situações em que as razões apresentadas não são nem auscultadas nem atendidas.
Mas, o que me interessa aqui é apresentar um breve apontamento sobre o estilo de comunicação dos obsessivos - o estilo relacional é de cariz sadomasoquista, ambivalente.
De acordo com Boris Cyrulnik, em O nascimento do sentido, falam com abundância (hiperinvestimento do pensamento em detrimento do agir), e ao ouvi-los, vamo-nos apercebendo que fazem rodeios e não conseguem dizer o que está em causa. Mantêm um olhar fixo em nós, sem manifestação das pequenas expressões que nos fazem confiar que nos levam em conta. Se param para respirar, e aproveitamos para os levar a se focarem no cerne da questão e no nosso ponto de vista, sobem o tom de voz para o impedir - controlo tirânico e ditatorial, rígido e inflexível, que pode levar à agressividade verbal.
Se temos dificuldade em identificar as características fundamentais da estrutura, pensemos nas atitudes de preocupação excessiva pela organização, perfeccionismo e controle interpessoal, inúteis, que bem dificultam não só a nossa vida privada, mas também, por exemplo, nos balcões de atendimento ao público, nas situações em que as razões apresentadas não são nem auscultadas nem atendidas.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
Ternura
Yves Pires
“Os que nunca ultrapassaram a
fase captativa e egoísta do amor têm geralmente dificuldade em operar a
conversão do desejo em ternura e amizade.”
Pierre Burney O amor
A ternura como expressão superior do amor e da sexualidade. O esvaziar-se no outro, generosa e livremente.
sábado, 23 de janeiro de 2016
Coimbra de Matos: Sobre o Poder e os Poderosos
O psiquiatra e psicanalista, António Coimbra de Matos, em ENTREVISTA
Subscrever:
Mensagens (Atom)