Na sequência da maior catástrofe natural que assolou a Ilha da Madeira, nos últimos 100 anos, no sábado 20 de Fevereiro, uma mensagem de esperança.
Imaginar o futuro
Daniel Gilbert, Psicólogo e Professor na Universidade de Harvard, é considerado a autoridade máxima no estudo da “previsão afectiva”, que é a capacidade que o cérebro humano tem, de imaginar o futuro - o quanto felizes esperamos ficar se os nossos desejos se realizarem, ou como receamos ficar infelizes se não os conseguirmos realizar.
E, planear o futuro envolve ansiedade e planeamento. Estes dois conceitos ligados ao futuro, revelam-se do seguinte modo: sentimos ansiedade se prevemos que algo de mau pode acontecer, e planeamos o futuro, imaginando como as coisas se vão desenrolar ao longo do tempo. No fundo, significam a nossa tendência, em tentar controlar as situações.
Este autor, aconselha que não acreditemos, em absoluto, nos nossos pensamentos (positivos ou negativos) quando tentamos prever o futuro, porque, a nossa imaginação tem limitações e comete os seguintes erros.
Limitações da imaginação
1 – Crenças que as coisas são na realidade como parecem ser mentalmente.
Isto significa que, temos uma tendência para imaginar acontecimentos, e juntar-lhes pormenores, assim como, a desprezar outros. E, não temos consciência disto, acrescenta Daniel Gilbert. O mais certo é, no futuro esses acontecimentos não se verificarem, ou caso ocorram, têm características que não imaginávamos à partida.
2 – Tendência para a experiência presente influenciar a nossa visão do passado e do futuro
Outra razão que nos leva a cometer erros quando pensamos no futuro, está relacionada com o facto de imaginarmos o modo como nos vamos sentir, amanhã, de acordo com o modo como nos sentimos hoje. Isto é, se estamos hoje, tristes, imaginamos que no futuro, assim nos vamos sentir.
3 – Dificuldade em reconhecer que algo seja ou pareça razoável
Segundo Daniel Gilbert, a imaginação não reconhece que as coisas parecerão diferentes quando acontecerem – particularmente as coisas más parecerão bastante melhores, só que não as imaginamos assim.
Isto acontece porque, temos um sistema imunitário psicológico que nos defende da infelicidade. E, este sistema permite criar outro tipo de felicidade – a “felicidade sintética”, que é a que criamos, quando não temos o que queremos. Que se traduz na capacidade( saudável) de contentarmo-nos, com o possível.
Modo de superar os erros da imaginação
Perante pensamentos como estes:
Daniel Gilbert recomenda que, devemos falar com pessoas que viveram experiências semelhantes, mesmo considerando que elas irão nos relatar o seu modo pessoal de viver as situações. Também devemos ter capacidade de questionar os nossos pensamentos e emoções – não acreditar em tudo o que pensamos. E evitar stressar, de modo a fazer as diligências necessárias para superarmos as situações.
Para saber mais:
- O livro: “Tropeçar na felicidade” de Daniel Gilbert, Edições Estrela Polar.
Esta obra venceu, em 2007, o Prémio Royal Society britânico para livros de ciência, em competição com um vencedor do Prémio Nobel de Medicina. Não é um livro de auto – ajuda.
- Conferência de Daniel Gilbert “Porque somos felizes”, em vídeo, com tradução portuguesa, em:
http://www.ted.com/index.php/talks/lang/por_br/dan_gilbert_asks_why_are_we_happy.html
foto:cristina simões