quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Resguardo

Larson, Jeffrey T. Rose Inprimir

Diz-se que uma raposa convidou primeiro uma cegonha para uma ceia, e lhe pusera num prato chato um caldo líquido que a cegonha, faminta, de nenhum modo pôde saborear. Como esta tivesse convidado a raposa, colocou-lhe diante uma garrafa cheia de comida migada. Ela própria satisfaz-se, metendo o bico nesta garrafa, e atormenta com fome a convidada. Como a raposa lambesse em vão o gargalo da garrafa, ouvimos dizer que a ave de arribação falou assim: - cada um deve sofrer com igual ânimo os seus exemplos.
Fábula de Fedro

Parece-me que as fábulas podem ser consideradas alegorias – têm um significado escondido como que por um véu, a partir da qual cada um de nós interpreta-as a seu modo, de acordo com as suas experiências pessoais.
A situação retratada entre a raposa e a cegonha pode ocorrer nas nossas relações sociais e profissionais, quando reproduzimos como por espelho, o comportamento do outro. Podemos fazê-lo impulsionados por diversos motivos, um deles, a vingança.
Seja qual for a nossa motivação, o nosso comportamento assemelha-se à construção de uma muralha a partir da qual nos escondemos do outro, tornando-nos semelhantes a ele.
Não sabemos se alguma vez vamos derrubar esse escudo. Mas é um lugar. O único que nos parece ser habitável e seguro.


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