segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A técnica de representar papeis



retirada da página do artista josef fischnaller

“Desempenhando um papel ou representando um personagem, o individuo esquizoide* é muitas vezes capaz de exprimir muitos sentimentos e estabelecer aquilo que parecem ser contactos sociais perfeitamente convincentes; mas, ao fazê-lo, não está realmente a dar nada, porque, dado que está apenas a representar um personagem, a sua própria personalidade não está envolvida. Secretamente renega o personagem que está a desempenhar; e assim procura manter a sua própria personalidade intacta e imune de compromissos. Deve acrescentar-se, contudo, que, enquanto em alguns casos o individuo está perfeitamente inconsciente do facto de estar a desempenhar um papel e apenas consegue compreender este facto durante o tratamento analítico.”
Ronald Fairbairn Estudos psicanalíticos da personalidade Editora Vega


A técnica das técnicas:  representar uma personagem. Todos nós o fazemos de vez em quando, por razões diversas, improvisadas no momento ou quando já desistimos de acreditar que vale a pena o contacto emocional genuíno com aquela pessoa, ou naquela situação. Defendemo-nos.
Alguns de nós excedem-se, contudo, no uso destas máscaras que com o tempo, por cobardia ou contingências da vida, fortificam-se e anulam o nosso verdadeiro eu.
É esta técnica do falso eu que contribui para explicar os casos em que na intimidade da família se possa comportar de determinado modo, e fora de casa se possa ser o seu oposto, ou um outro diferente.
Creio ser também a preferida das personalidades narcísicas, que pela manipulação, fazem a sua vítima acreditar que entre os dois há afinidades e cumplicidades - representam um papel - , mas que abandonam esta máscara passada aquela fase da sedução, dando lugar ao verdadeiro eu.

*São características esquizoides: uma atitude de omnipotência; uma atitude de isolamento e desinteresse; uma preocupação pela realidade interior.

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