Monet, Women in the Garden (detalhe)
“ Estes homens esbulham-nos. Exploram a fonte maternal de que somos dotadas, ficam ali sugando o nosso leite, e deixam-nos completamente vazias. Raça de exploradores. Mergulham a cabeça entre os nossos seios brancos e somos obrigadas a acariciá-los em silêncio, enquanto de olhos cerrados, através de uma sumptuosa orgia de recordações e contradições, compõem a sua paz interior, enquanto se recuperam, eles deixando-nos exaustas."
Herberto Helder, Os passos em volta.
A escolha amorosa refere-se ao modo como o indivíduo escolhe o seu parceiro, apesar de, em parte, não ter consciência das razões dessa escolha.
Escolhe -se um parceiro amoroso, de modo narcísico, por este possuir algum elemento que é idêntico a nós. Esse amor, o amor narcísico, que não é amor, acontece quando estamos com alguém que nunca conseguiremos verdadeiramente conhecer, não estamos interessados em 0 conhecer, que nunca 0 amaremos - o outro pouco interessa- e vice-versa. Só interessa na medida em que satisfaz as nossas necessidades pessoais.
Assim, ama-se segundo o tipo narcísico:
- O outro como reflexo de si mesmo (0 que se é; o que se foi; o que se queria ser; uma pessoa que foi uma parte do próprio eu)
- O outro que se necessita mas mesmo assim não se reconhece como um alter, independente de si.
- O outro como reflexo de si mesmo (0 que se é; o que se foi; o que se queria ser; uma pessoa que foi uma parte do próprio eu)
- O outro que se necessita mas mesmo assim não se reconhece como um alter, independente de si.
Esta escolha, costuma apresentar duas características: a rigidez (ausência de flexibilidade) e a fragilidade.
A rigidez revela-se na dificuldade em se adaptar ao outro, à sua personalidade, necessidades e contradições, em o aceitar tal como ele é. De tal modo que, a menor falha, omissão ou contrariedade que ele provoca, pode gerar o fim da relação ou uma profunda decepção expressa pela tirania para que cumpra com a vontade de quem a impõe, e se submeta. Resultado, é a rejeição ou a presistente tentativa para que se submeta, 0 que contribui para a fragilidade do vínculo, porque ataca o que podia unir as duas pessoas.
Elaborado com base em J. Laplanche, Problemáticas.
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