segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Inveja

Paula Rego, Branca de Neve e a sua Madrasta

Talvez as pessoas não saibam, eu não sabia até há pouco tempo, mas a literatura psicanalítica fala na possibilidade de se invejar a bondade, a capacidade de amar e ser amado, por serem qualidades positivas e admiradas pelo invejoso. Esta inveja (há outras), está muito próxima do ciúme e da dificuldade de aceitar as diferenças. 
Penso, por exemplo, que muitos já sentiram na pele, os efeitos da inveja porque são pessoas acarinhadas pelos outros, bem-dispostas e com força de viver.
As relações minadas pela inveja, são tóxicas. Para a vitima, que é objecto de um ódio por vezes camuflado, e por isso tem maior poder destruidor, e para o invejoso, que se torna consciente do quanto é limitado, para além de deixar-se afectar pela culpa e pela baixa auto-estima pelo facto de invejar. 
É de Melanie Klein o mais interessante estudo sobre a inveja. Klein escreveu, citada por Kate Barrows em, A Inveja, Editora Almedina: “A capacidade de dar e de preservar a vida é sentida como o maior dos dons e por isso a criatividade torna-se a principal causa da inveja”. Para além da criatividade, que pode ser invejada, “Klein sugeriu que a paz de espírito de uma outra pessoa pode suscitar inveja”.

A cura para o invejoso está na gratidão – preocupar-se com o outro, e ser capaz de aceitar o que este tem para dar.



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