Paula Rego, A Madrasta
As histórias de princesas fizeram parte da minha infância, e tinham de ser contadas repetidamente com os mesmos pormenores. Ainda me lembro das emoções que sentia. Mais tarde, percebi que a má, não é sempre má e o mesmo se passava com a boazinha.
Bruno Bettelheim em A Psicanalise dos Contos de Fadas apresenta uma análise destas histórias infantis, mas é o conto da Branca de Neve e os Sete Anões que me interessa, por simbolizar o narcisismo patológico, isto é, o medo destrutivo da Rainha, que a Branca de Neve a supere. O seu narcisismo, está na necessidade de que o espelho confirme, que seja a mais bela de todas as mulheres. Até o dia, em que o espelho não confirma que seja mais bela que a sua enteada. Por não suportar a resposta, mesmo antes que a Branca de Neve exibisse os seus dotes (de beleza), a madrasta começa a se sentir ameaçada e ordena que Branca de Neve seja morta e que lhe tragam partes do seu corpo. É um ódio destrutivo, que persegue e mata. Mas também destrói quem o sente: a madrasta é obrigada a dançar para sempre com sapatos de ferro em brasa.
Branca de Neve foi salva, mas abandonada na floresta. Onde estava o seu pai, para a proteger? Um fraco!
Aquele autor, refere que os pais narcísicos não costumam sentir este ciúme enquanto o filho é criança, como se este ainda fosse uma parte deles próprios. Os problemas surgem quando o filho cresce e luta pela autonomia.
O modo saudável de gerir o ciúme por um filho ou filha que cresce, é ilustrado por Graham Music em Afecto e Emoção pela história de uma mãe, Sian, que numa festa sente-se desconfortável pelos elogios que a sua encantadora filha de 17 anos recebe das pessoas. O modo de reagir de Sian, foi esforçar-se por nessa noite ser mais amável para com a sua filha. Mais tarde, com a ajuda de amigas, percebeu os seus sentimentos. O quanto o seu ciúme foi normal, e o modo saudável que teve em se proteger e em proteger a filha.
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