terça-feira, 2 de novembro de 2010

Manobras (2)


Já alguém deu pelas suas ideias serem deturpadas pela boca de outra pessoa e, suspeitamos que intencionalmente?
Vivemos situações em que fomos elogiados de maneira tão generosa que até desconfiamos?
Já ficamos totalmente invisíveis para alguém, quando era suposto que fossemos vistos por ele e acolhidos na conversa?

Nicole Jeammet em “O Ódio Necessário”, citando Recamier, define estes comportamentos, como estratégias que pretendem agir sobre a mente do outro “sem passar por palavras ou intenções verbalizadas”, mesmo que possam ser inconscientes.

O seu autor não nega que esteja envolvido na situação, isto é, não nega que nos viu, por exemplo. Razão pela qual não se trata do mecanismo de defesa “negação”. É sim , uma “denegação”, porque o acontecimento é usado a seu jeito.
Deste modo, são as necessidades pessoais de quem faz uso destes mecanismos, que prevalecem com a intenção de valorização pessoal. Usadas em excesso, constituem modos perversos de relacionamento. Costumam ser um recurso habitual,  para quem pretende o êxito social e profissional.

Deixo-vos três tipos de "denegação":
Denegação da alteridade. Exemplo: Trata-se de dizer ao outro, como ele é maravilhoso, superiormente dotado, inigualável. Um amigo (sem nos conhecer)! Ao recorrer-se à sedução, pretende-se tirar disso proveito pessoal.

Denegação do sentido. Já não é a sedução que é utilizada, mas o ataque. Exemplo: As nossas palavras são subtilmente desqualificadas, como no caso de uma mãe que prepara o banho para a filha, mas como a água está muito quente, e perante as queixas da criança, a mãe desqualifica o lamento justo, com outro - tanto a filha como o pai não lhe dão o devido valor.

Denegação do significado ou de ligação: Exemplo: Para o outro, nós não temos qualquer interesse ou valor, ao ponto de sermos “invisíveis”.

São manifestações de ódio branco (violência oculta) e resultam da inveja e da frustração.

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