Francis Picabia Paroxysm of Pain 1915
“Os homens não tomam facilmente consciência daquilo que invejam, pelo facto de, na realidade não saberem exactamente o que é. A mulher foi sempre tida como um enigma pelo homem”.
Melanie Klein e Joan Riviere Amor, Ódio e Reparação Imago Editora
Uma realidade pouco falada: a inveja que alguns homens têm das mulheres. O contrário também é verdadeiro - “A inveja do homem pela mulher não é menos comum que a da mulher pelo homem, nem menos profunda”, acrescenta Joan Riviere. Contudo, pelas históricas conquistas femininas, alcançadas, e pelos diversos papeis que a mulher pode hoje desempenhar, parece-me que é mais comum na actualidade, os homens invejarem as mulheres do que o contrário. Mas é uma opinião pessoal.
Os homens que experimentam este sentimento, por não terem consciência daquilo que invejam, ainda pioram a situação. Ao não saberem de que se trata, não pensam no assunto, e não conseguem por isso corrigir os comportamentos.
São variadas as manifestações da inveja. Podem ir desde o não reconhecimento das qualidades da mulher, até às pequenas e grandes violências do quotidiano.
Todos estes comportamentos, que surgem sempre pela comparação que o homem faz de si próprio face à mulher, representam um círculo de desejo, frustração e ódio. Neste ultimo caso, quando a inveja se tornar incontrolável.
Desejo, por também possuírem coisas boas (capacidade de cuidar de filhos, de pais, de trabalho, de alegria...), e frustração por uma vida insatisfatória que não os recompensa.
A inveja torna-se em ódio com a falta de esperança de se obter satisfação, e por não se encontrar outros substitutos na vida que dêem prazer. A este respeito, são ilustrativos aqueles comportamentos em que o homem impede que a mulher tenha autonomia para resolver certos assuntos, mas ele próprio também não é capaz de encontrar solução para eles. Ou então, ele deixa-a resolver muita coisa, mas não reconhece.
Sem comentários:
Enviar um comentário