segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mães permissivas


Peter Black, Portrait of David Hockney in a Hollywood Spanish Interior, 1965
“Um pequeno exemplo da relação mãe-filho: um ódio não ligado ao objecto arrastará consigo uma atitude de excessiva tolerância (ele poderia pelas mesmas razões, traduzir-se numa excessiva intolerância) perante todos os caprichos de uma criança; uma paciente contava-me, em psicoterapia, que ela deixa sair o seu filho pequeno à noite, e como “o pobrezinho chega tarde, ela não o acorda de manhã para ir às aulas, porque ele precisa tanto de dormir…” Ela conta-me esses factos convencida de que mostra um grande “amor” através desta grande complacência – de facto ela mostra sobretudo a sua destrutividade: começa por ser cúmplice de um principio de prazer e, em seguida, identificando-se massivamente com este numa avidez pessoal a ser cumulada, e que a coloca na impossibilidade de estabelecer um projecto a longo prazo, não podendo ela própria suportar nem tenções nem frustrações: no fim de contas, é efectivamente o ódio que dará os seus frutos, tal como o veio a demonstrar o fracasso escolar do filho, que trouxe consigo desvalorização e depressão.”

Nicole Jeammet O Ódio Necessário Editorial Estampa

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