quinta-feira, 30 de junho de 2011

O lado bom da culpa

"Todo aquele que experimenta sentimentos de culpa tenta livrar-se deles pela expiação, punição, remorso, pode tentar provar que não se justificam, ou pode realizar vários mecanismos de defesa”.
Otto Fenichel Teoria Psicanalítica das Neuroses Livraria Atheneu

Para sentirmos “a consciência pesada”, ou a ideia “Errei, fiz mal”, não é forçoso termos cometido um acto que reprovamos. Para Freud “ a pessoa sente-se culpada quando cometeu algo que considera mau ou quando reconhece em si, a própria intenção de o fazer”, (León Grinberg “Culpa e Depressão”).
Os sentimentos de culpa e os mecanismos para lidar com eles, têm-me interessado vivamente, porque manifestam-se dos modos mais estranhos e inesperados. Mas todas as suas manifestações representam maneiras de lidar com o sofrimento que acarretam, mesmo quando não se tem consciência do mesmo. Nestes casos, como adultos que somos, já ninguém nos precisa dizer que fizemos mal, o perigo vem de dentro de nós.
Esse perigo,  cujo conteúdo psicológico da culpa é "não sou bom, mereço castigo", provoca um“medo não só de que alguma coisa horrível aconteça dentro da personalidade mas também que haja perda de uns tantos sentimentos prazerosos: conforto, protecção, segurança…” (Otto Fenichel).
Esta perda que se teme, é uma perda da auto-estima. Por esta razão, tentamos nos livrar dos sentimentos de culpa, cuja maneira mais saudável é o arrependimento e a reparação pelo mal causado. Recupera-se deste modo, a auto-estima.

Como a verdadeira consciência de culpa, brota da capacidade empática, as personalidades narcísicas apesar de afectadas nesta capacidade, podem sentir culpa, estando contudo dependente da gravidade da patologia.

Leia aqui o artigo de Gretchen Rubin, sobre como o arrependimento nos poderá fazer felizes -  Can a negative emotion like regret actually make you happier

Imagem: escultura nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian

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