Barbara Kuger Untitled (It, s a small world but not if you have to clean it) 1990
“Podemos afirmar que a crítica surge:
1 - Quando algo está abaixo do ideal que constitui a unidade de medida e a partir do qual é observado. Não existe intencionalidade de criticar; simplesmente olha-se o mundo a partir dos padrões de qualidade que se possui. É o caso do gourmet ou de qualquer especialista – arte, ciência, etc. - , quando se encontra com um objeto que pertence a seu campo; este é avaliado a partir de suas normas de qualidade, que são elevadas em relação com o resto das pessoas. Por sua vez, de acordo com as propriedades do mataideal, poder-se-á rejeitar intolerantemente ou não aquele que esteja abaixo do ideal, mas esse é anterior ao encontro com o objeto e independente dele.
2 - Quando se tem uma imagem preconcebida de alguém ou de algo que se considera imperfeito. É o caso do preconceito, crença básica que organiza a aproximação do objeto. Como explicamos em outra parte deste livro, são crenças gerais do tipo fazes mal as coisas, não és inteligente, és mau, etc., crenças a partir das quais termina-se por ver os atributos ou ações particulares do objeto. A crença preexiste ao juízo particular que deriva daquela. Não se trata de que o ideal seja desmesuradamente elevado como no caso acima, mas a representação do sujeito faz com que seja classificado abaixo daquele que se consideraria o padrão médio.
2 - Quando existe intencionalidade de agredir o outro ou a si mesmo. Nesse caso, não existe um ideal prévio elevado ou uma crença geral ligada especificamente ao aspeto que se considerará inadequado. O defeito ao qual a crítica dirigir-se-á será procurado, criado nas áreas mais diversas, contando que se diga algo que ofende. O ódio é o que origina e mantém a brecha entre o ideal e a representação do outro ou do sujeito, seja elevando aquele ou diminuindo os méritos dessas. A fonte mais frequente é a frustração narcisista.”
Hugo Bleichmar O Narcisismo Artes Médicas
Sem comentários:
Enviar um comentário