Mesa, Coleção Berardo
Há dias falaram-me de um homem, que embora se tivesse sentido rejeitado pelos seus pais em favor das irmãs, transformou-se num pai amoroso para com as suas filhas.
Ao regenerar dentro de si novas formas de amar, evitou que o desamor se perpetuasse pelas gerações da sua família. É desta capacidade de reparação de que fala este texto de Melanie Klein*. É reconfortante saber que, no coração de muitos de nós, o amor, vence:
“…mais precisamente ao nos comportarmos em relação a outra pessoa como um pai ou mãe compreensivos, em fantasia recriamos e experimentamos o amor e a bondade tão desejados de nossos pais. Entretanto, portar-se como pais compreensivos para com outras pessoas pode ser também uma forma de lidar com as frustrações e sentimentos do passado. O ressentimentos que experimentamos contra nossos pais por nos haverem frustrado, aliados aos sentimentos de ódio e vingança por estes despertarem em nós, e ainda os sentimentos de culpa e desespero oriundos desse ódio e dessa vingança pelo fato de termos danificado os pais que ao mesmo tempo amávamos – tudo isso, em fantasia, podemos desfazer retrospetivamente (retirando alguns motivos de ódio), desempenhando simultaneamente os papeis de pais amorosos e filhos extremosos. “
*in Amor, Ódio e Reparação
Sem comentários:
Enviar um comentário