quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Paradoxo do autoconhecimento

Almada Negreiros Nu

Embora o sujeito narcísico pense apenas em si próprio, nunca poderá por ironia realmente conhecer-se, uma vez que não pode tomar uma posição exterior a si e ver-se como “realmente é”.
Jeremy Holmes Narcisismo Almedina
No mito de Narciso na versão de Ovídio, o próprio (Narciso) por ser extraordinariamente belo, causava nas vozes invejosas, a interrogação como um ser tão belo poderia continuar a viver. Tirésias que tinha sido ferido de cegueira por Juno, mas que o compensou com o dom da profecia, respondeu enigmaticamente: Narciso pode viver muito tempo, “a menos que aprenda a conhecer-se a si próprio.”
É este o paradoxo – centrar-se em  si próprio e negar a importância dos outros, não leva ao autoconhecimento, mas à alienação de quem somos. O conhecimento de si próprio, das nossas forças e fraquezas, e da beleza e finitude da vida, só são possíveis se “baixarmos a guarda” e dermos ao outro uma oportunidade. Porque é ele o real, que completa e confirma as nossas intenções, e no fundo, quem somos e até onde podemos ir.

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